Trabalho nesta Escola. Ela é a uma das minhas terras de adopção porque já por lá ando há uma quantidade apreciável de anos. Assim, a minha sempre dinâmica idiossincrasia, terá, já, sido influenciada pelas experiências que fui tendo e pela comunidade com a qual estou obrigado a negociar a minha sobrevivência profissional.
A escola situa-se, aliás, geograficamente, próxima da minha terra natal. Os alunos fazem dela uma imensa e louca babilónia: há Russos, Moldavos, Georgianos, Ucranianos, Romenos e muitos, muitos miúdos de origem africana, tenham ou não nacionalidade portuguesa. Todos os dias "aterra" mais um jovem, paraquedista involuntário , sem conhecimentos nem preparação para enfrentar os ares agrestes de um típico cenário sub-urbano.
Mas todos se adaptam. Hoje, por exemplo , esteve um lindo dia de sol a convidar a uma actividade que é a preferida de quase todos eles: apanhar sol. É assim que eles estão melhor,e é , aliás nestes preparos que eu gosto mais deles.
A escola serve, também para aprender, claro. Mas esse é outro assunto que eu abordarei noutra ocasião.
Aproveitando o sol e como que a lembrar que o Natal é para todos, pedi a uma aluna minha, a simpatiquíssima Alcídia, que me compusesse uma mensagem de boas festas para os leitores do " Algeroz !", no dialecto que os seus pais lhe ensinaram e que ela utiliza , de vez em quando, para comunicar com os amigos. É um crioulo Cabo - Verdiano chamado Badiu e diz assim :
N'ta deseja um feliz Natal pa tudo nós leitor de " Algeroz !" e um óptimo Ano Novo.
Pa nhor dês danu vida cu saudi pa kel anu ki sa ta ben
que traduzido dá:
Desejamos aos leitores do " Algeroz !" um Feliz Natal e um óptimo Ano Novo.
Que Deus nos dê saúde para o ano que vem.
Igualmente para ti, simpática Alcídia.
2 comentários:
Gosto desta secção, Miguel. Começaste com a janela de tua casa e vais andando pelo mundo, sem saíres da escola onde trabalhas. Poderá qualquer terra tornar-se a terra de qualquer um e vice-versa? A vida o dirá: há partidas que criam novas origens e regressos que nunca são ao mesmo lugar (e cuidado com isto!)... e também há, é claro, as nossas terras de estimação, ou os pedacinhos delas que guardamos com ternura, por mais longe que estejam, por mais esporádicas que sejam as visitas. Um abraço.
Ora, caro Pedro, lindíssimo comentário. É o tipo de complemento que eu gostaria de ver às minhas entradas.E mais uma vez cheio de um tom sábio a revelar uma maturidade , digamos, que invulgar para juventude que ainda tens.
Enviar um comentário