sábado, 15 de dezembro de 2007

seremos uns narcisistas...?


A relação que tenho com os meus vários irmãos pode ser caracterizada de "fraternal". Falar em irmãos que nutrem entre si sentimentos de fraternidade parece uma redudância. Acho que não o é: há irmãos cuja relação se carateriza pela indiferença, quando não por uma hostilidade e mesmo comportamentos fraticidas .

Esta informação prévia destina-se a introduzir a referência a um telefonema propositado que, há uns tempos, fiz a um deles:
- Então, que acha do meu novo blogue? - perguntei eu, esquecido da prévia saudação matinal.
- Não tenho muita, como direi, apetência para blogues...nem tempo para os ler.
- Mas...
- Claro que você escreve bem, embora eu prefira o registo da ironia que utiliza cada vez com menos frequência.
-...
- E outra coisa. Acho que vocês , os blogueiros, são uma cambada de narcisistas. E dou-lhe exemplos...

nota: trato-me por você com os meus irmãos desde que me conheço. Assim,durante aquelas disputas juvenis - nas quais,principalmente os machos,exercitam o instinto guerreiro - em vez de " tu és um cabrão" saía um"você é um cabrão" ,forma de comunicar que deixava as mais desatentas testemunhas assaz intrigadas.

Atento à máxima de que de que " não basta ser humilde; é preciso, também, parecê-lo", aparei o golpe como quem, com esmero , apara a barba de 15 em 15 dias para sair bem na fotografia. Saí-me, aparentemente, bem. De facto, saí-me bem mas com uma feridazitas, disfarçadas por um assentimento respeitoso e um estratégico desvio do tema da conversa.
Mas há opiniões que ficam , por aí, para reflexão.

" vocês, os blogueiros, são todos uma cambada de narcisistas"

Serão? Seremos?
p.s. -(...) Outra coisa completamente diferente é a perturbação narcísica da personalidade (com vários graus, até chegar a uma neurose com rasgos psicóticos), que se caracteriza por:- sentimentos de grandiosidade e de enorme auto-importância, atribuindo-se a si próprio talentos e realizações que não correspondem minimamente à realidade;- fantasias de sucesso e de poder ilimitado, beleza ou amor ideal, achando que ele ou ela acertam nestes alvos mas todoo resto do mundo não;- sensação de ser melhor do que os outros e olhar com condescendência tudo o que os outros fazem ou a pessoa dos outros: Exemplo: o meu cabeleireiro é o melhor de Lisboa, só eu é que sei onde se podem comer "realmente" peixe grelhado; a musse que faço é a melhor de Portugal porque tenho o melhor livro de receitas do mundo (ou vice-versa, tanto faz)...- os outros não são "gente como nós";- todos têm que admirar - se necessário, num restaurante em que as conversas começam a derivar para outros pólos, então derruba-se um copo, dão-se puns ou gargalhadas extemporâneas, para que toda a gente volte a centrar-se nele ou nela;- necessita de admiração permanente e excessiva e atribui o sucesso dos outros ao facto de o ou a conhecerem;- tem um sentimento de divindade e de direitos acima dos outros - é horrível estacionar na passadeira, mas EU posso;- tenta conhecer os outros para depois usar as suas (deles) fragilidades para atacar quando necessário;- não tem qualquer espécie de empatia - ajuda os outros enquanto é para se mostrar como a grande ou ou grande amigo, mas não por real interesse humano;- tem inveja dos talentos ou realizações dos outros, diminuindo-os ou arranjando "cenas" para estragar os momentos de glória dos outros;- quando as coisas correm mal torna-se arrogante, agressivo e até maltratante;- no fundo, tem uma consciência clara da sua nulidade, e prefere fugir para a frente em vez de reflectir.Isto é uma DOENÇA, classificada pelos parâmetros acima na DSM IV (classificação internacional das doenças mentais), e tem como base uma matriz genética, a presença de uma mãe que não deu autonomia e foi castradora (crianças que dormem na cama das mães depois do divórcio dos pais), um pai ausente e o não ter ultrapassado a fase de omnipotência infantil que deveria começar a ceder aos 18 meses de idade (esta é parte do comentário do Mário, Médico Pediatra, afixado a propósito da entrada -)

12 comentários:

Anónimo disse...

... "O genuíno prazer que em ti encontro em te partilhares e partilhar, em ouvir de outros a sua opinião sentir e pensamento, é na minha experiência algo que considero raro neste mundo em que todos queremos ser detentores da verdade universal - como se ela existisse... ! - todos menos tu que estás sempre pronto a ouvir, a respeitar e a considerar que, dos outros, só tens mais a aprender do que a ensinar."...

Se isto é ser 'narcisista', então sim, és narcisista.

Mas diz ao teu irmão que opiniões são sempre e só opiniões, e que eu em minha opinião, porque não creio que o sejas, dele me permito discordar.

Anónimo disse...

JÁ AGORA:

..."Acho que vocês , os blogueiros, são uma cambada de narcisistas. E dou-lhe exemplos..."

PERGUNTO:

E deu ? Quais foram ?

miguel disse...

Manel:exagerei um pouco nos termos. Essa da "cambada" talvez tenha sido exagero meu. E quanto a exemplos, nem sei se ele os deu. Digamos que ficcionei um pouco a o nossod diálogo. Mas a questão do narcisismo foi mesmo posta. Olha... e o lançamento do livro da nossa amiga AV....muito concorrido?

Anónimo disse...

Gostei.
Valeu bem a pena uma saída em fim de tarde fria, muito fria. Mas valeu sem dúvida a pena.
Primeiro pela Ana que estava belíssima como sempre, depois por ter finalmente conhecido a Madalena, (finalmente Mad, e é como se nos tivessemos sempre conhecido!) terceiro pelo painel do lançammento do livro, e suas respectivas intervenções. Joaquim Ramos autor do prefácio do livro, conhecido de infância da Ana, além de actual Presidente da Camara de Azambuja, surpreendente personagem considerando sobretudo a imagem que normalmente se possa ter de um Presidente de Camara. Falou, e
falou bem noconteúdo além de ser possuidor de um timbre de voz de que pessoalmente gosto; voz de homem, segura, fazendo lembrar Manuel Alegre.
Daniel Gouveia, o editor do livro, pausado, cerebral, erudito, afável e de um humor fino e perspicaz o qual pessoalmente aprecio bastante.
Por fim a Ana igual a si própria, exalando á vontade, projectanto um misto de segurança(normalmente mais presente no outro género) com a sensibilidade e fragilidade do tradicional feminino.
Belas queijadinhas da Azambuja com vinho da região quebraram o gelo deste bem agradável fim de tarde com que todos os presntes foram premiados.
Quanto á obra, vou vou ler, mas estou certo que será mais um livro da Ana a recomendar.
Meu caro Miguel espero que tenhas uma boa justificação para a tua ausência, pois faltas dessas podem-te fazer perder o ano.

Anónimo disse...

P.S.
Entretanto em Lisboa, na Praça Pasteur, um nosso amigo tentava manter ocupados um painel de 14!!! criançinhas (ou seriam diabinhos?!) que o seu filho Eduardo convidara para um lanchinho de Natal.
É por estas e por outras que o mundo não tomba.

Huckleberry Friend disse...

Ter um blogue tem, é verdade, o seu quê de narcisismo. Cuidado com ele, mas não me parece que o Miguel esteja em perigo. Até porque o retrato esboçado pelo Manuel, sendo fidedigno, não me parece a definição de um Narciso.

Fico contente pelo êxito do lançamento, a que também faltei.

Na Praça Pasteur, Teixeira, eram 20-crianças-20 a manter o planeta a andar à roda. Diabólicos só na justa medida, divertiram-se e divertiram... e o repasto esteve à altura! Um abraço.

Mário disse...

Essa do narcisismo tem muito que se lhe diga. Mas como se usa o termo por dá cá aquela palha, convém esclarecer o rigordos termos e das palavras:

1. Todos temos, felizmente, uma faceta "narcísica", vejada por muitos - como no caso dos detractores dos blogues -, que tem a ver com a sensação pessoal de realização, auto-estima, e prazer por fazer coisas, além de, nos blogues, o imenso exercício de rigor e de liberdade que só dignifica o ser humano.

2. Outra coisa completamente diferente é a perturbação narcísica da personalidade (com vários graus, até chegar a uma neurose com rasgos psicóticos), que se caracteriza por:
- sentimentos de grandiosidade e de enorme auto-importância, atribuindo-se a si próprio talentos e realizações que não correspondem minimamente à realidade;
- fantasias de sucesso e de poder ilimitado, beleza ou amor ideal, achando que ele ou ela acertam nestes alvos mas todoo resto do mundo não;
- sensação de ser melhor do que os outros e olhar com condescendência tudo o que os outros fazem ou a pessoa dos outros: Exemplo: o meu cabeleireiro é o melhor de Lisboa, só eu é que sei onde se podem comer "realmente" peixe grelhado; a musse que faço é a melhor de Portugal porque tenho o melhor livro de receitas do mundo (ou vice-versa, tanto faz)...
- os outros não são "gente como nós";
- todos têm que admirar - se necessário, num restaurante em que as conversas começam a derivar para outros pólos, então derruba-se um copo, dão-se puns ou gargalhadas extemporâneas, para que toda a gente volte a centrar-se nele ou nela;
- necessita de admiração permanente e excessiva e atribui o sucesso dos outros ao facto de o ou a conhecerem;
- tem um sentimento de divindade e de direitos acima dos outros - é horrível estacionar na passadeira, mas EU posso;
- tenta conhecer os outros para depois usar as suas (deles) fragilidades para atacar quando necessário;
- não tem qualquer espécie de empatia - ajuda os outros enquanto é para se mostrar como a grande ou ou grande amigo, mas não por real interesse humano;
- tem inveja dos talentos ou realizações dos outros, diminuindo-os ou arranjando "cenas" para estragar os momentos de glória dos outros;
- quando as coisas correm mal torna-se arrogante, agressivo e até maltratante;
- no fundo, tem uma consciência clara da sua nulidade, e prefere fugir para a frente em vez de reflectir.

Isto é uma DOENÇA, classificada pelos parâmetros acima na DSM IV (classificação internacional das doenças mentais), e tem como base uma matriz genética, a presença de uma mãe que não deu autonomia e foi castradora (crianças que dormem na cama das mães depois do divórcio dos pais), um pai ausente e o não ter ultrapassado a fase de omnipotência infantil que deveria começar a ceder aos 18 meses de idade.

miguel disse...

Ora, depois de um fantástico record pessoal nos 10 000 m (grande prémio de Natal, que bom é ver tantos comentários!!! E que qualidade!!! Bom, mesmo.

Vou lê-los com mais atenção daqui a pouco ( cheguei mesmo agora ) com um FANTÁSTICO RECORD. Estou eufórico , isto é tomado, ainda, pelas endorfinas.

Anónimo disse...

Mário
Gostei da intervenção e do esclarecimento científico que te é tão característico.
Aprecio sinceramente, e muito respeito, acredita, o teu espírito pediátrico e o teu mixto de amor, gozo e paciência em entreter 20 diabinhos 'a manter o planeta a andar à roda'.
Aqui ficam registados os meus parabéns pela tua dedicação à causa do bom Pai.
Mais como tu houvessem e o planeta não só andaria à roda mas seria também um local melhor para futuras gerações.
Xi coração amigo.

P.S.
Entretanto, algures por aí, o nosso amigo Miguel Leal continua a correr que nem um desalmado e a sistemàticamente bater os seus records pessoais.
É definitivamente por estas e por outras que o mundo não tomba.

ana v. disse...

Não sei se és narcisista (concordo com o teu irmão: nós, blogueiros, temos todos um bocadinho de narcisos) mas o que és, com toda a certeza, é diplomata. Furtaste-te à revelação dos nomes dos exemplos com agilidade e imaginação.
Muitos parabéns pelo teu record nas "correrias", muito mais importante do que os nossos sucessos bloguísticos. E fizeste falta no lançamento do meu livro (embora perceba que não tenhas podido ir), que, descrito pelo Manel, parece que foi "o evento do ano". Exageros de amigo, que muito agradeço e me comovem.
A propósito, adorei que tivesses ido, Manel. E também a tua Baguette, que estava linda.

Beijinhos

miguel disse...

Ana:

ficccionei um pouco a conversa do meu irmão ( ai se ele sabe disto). Juro que ficcionei. Em boa verdade não sei se ele se referiu ou referiu exemplos.Acho que não. Juro. Ele disse " vocês `são um bocado narcisistas". isso ele disse. E eu concordo, a começar por mim. !E não acho que o teu blogue seja narcísico.

ana v. disse...

E eu também concordo inteiramente com ele. Fundamentos médicos e patologias à parte (que não é bem disso que se trata quando nós, leigos, nos dizemos "narcisos"), volto a dizer que ter um blogue envolve sempre um certo narcisismo que, se não for exagerado, pode até ser saudável.