sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

paradoxo...

Ah, meu filho, quanto conforto eu sinto nesse teu conforto aparentemente verdadeiro; que descanso eu te sinto quando cruzas os pés por sobre a arca do Tio Soares;que repouso me dás quando repousas essa nintendo no teu colo e te entregas à contemplação despreocupada do canal Disney; e que bom é retornares ao prazer que te vejo de jogares, mais um vez, com a nintendo;e que privilégio eu sei ser o teu , de te aqueceres nessa almofadinha de estética apurada; e que segurança ver-te assim aconchegado ao prazer mais imediato que a vida que tens, te concede.

Eu sei o momento, a hora, o tempo em que te apanhei nestes preparos - foi ontem. E preocupo-me quando adias um futuro que é teu, que é nosso. Preocupa-me o adulto que vais ser. Preocupam-me as pausas; o olhar que repousa no nada. Preocupa-me a tua despreocupação pelo destino humano que te espera, numa esquina próxima. Preocupas-me , também, porque tenho medo do dia em que eu descanse, para sempre, de ser pai.

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