Soube-o hoje pelo jornal "Público". Morreu, recentemente, o Padre António Lopes, Jesuíta e meu antigo professor no Colégio de São João de Brito. O artigo, extenso - de página inteira - é plenamente merecido porque notabiliza a figura de um homem maior. Dos muitos padres que comigo se cruzaram, no meu percurso de vida , este foi, seguramente, o que mais me marcou. O facto, acredito, esteve o Padre Lopes, em vida, muito longe de imaginar (agora , que a sua imaginação transbordará na vida eterna em que acreditou e na certeza da qual viveu, nela guardará um cantinho para o descobrir e reconhecer ) . Disso não duvido. Penso até que não me tinha na conta nem de um aluno meritório , nem de uma personalidade de excepção. A última vez que conversei com ele foi há 32 anos e eu exultava, então, por ter obtido a nota mais alta no exame nacional de francês, à frente dos "craques" do costume. E o Padre Lopes, genuíno e frontal como sempre , atirou-me com esta:
- Ó rapaz , isto é o que dá quando os correctores não conhecem aqueles que estão a avaliar!
Disse-mo com aquele seu olhar directo, profundo, brilhante, amigo ( o olhar que recordo ainda hoje) como que a dizer que há convicções que não se escondem .
Era um homem entusiasta e de entusiasmos vários, livre, inquieto, de esperança sempre renovada. Era também dotado de uma dimensão intelectual notável mas enrolada num manto transparente, leve e perene de uma extraordinária humanidade, pleno de afecto e apaixonado pelas coisas e factos do seu tempo, nos quais sempre via um sinal da presença de Deus. Um Deus novo e próximo, que ele me revelou um dia, quando , no meio da tensão pós 25 de Abril ( que também aconteceu no colégio ) tentou, como sempre, tentar tirar partido do potencial ( que ele como ninguém, conseguia antever) da mudança que estava em curso.
- Ó rapaz , isto é o que dá quando os correctores não conhecem aqueles que estão a avaliar!
Disse-mo com aquele seu olhar directo, profundo, brilhante, amigo ( o olhar que recordo ainda hoje) como que a dizer que há convicções que não se escondem .
Era um homem entusiasta e de entusiasmos vários, livre, inquieto, de esperança sempre renovada. Era também dotado de uma dimensão intelectual notável mas enrolada num manto transparente, leve e perene de uma extraordinária humanidade, pleno de afecto e apaixonado pelas coisas e factos do seu tempo, nos quais sempre via um sinal da presença de Deus. Um Deus novo e próximo, que ele me revelou um dia, quando , no meio da tensão pós 25 de Abril ( que também aconteceu no colégio ) tentou, como sempre, tentar tirar partido do potencial ( que ele como ninguém, conseguia antever) da mudança que estava em curso.
A fotografia que acompanha o artigo do jornal ( sentado, em posição de Lótus, junto à estátua do Marquês de Pombal, cuja personalidade e obra, na sua relação com os jesuítas, estudou nos últimos anos de vida ) é reveladora do carácter subversivo e do sentido de humor de um homem que pensou à frente do seu tempo.
Estará. agora, a viver o seu Natal desejado, na presença de Deus e na companhia de Jesus Cristo, a quem dedicou toda a vida. Por isso lhe dedico o tema Have your self a merry litlle Christmas, que foi popularizado por Judy Garland.
2 comentários:
Fico com pena de não ter conhecido o Padre Lopes
Valeu a pena tê-lo conhecido, Pedro. Fui seguindo muito de longe aquilo que ele foi fazendo nestes últimos anos, mas a marca inicial foi-me acompanhando.
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