terça-feira, 30 de dezembro de 2008

noite de inverno - 29 de Dezembro de 2008


A noite no inverno é absurdamente longa. A culpa é da Terra e dos seus caprichos: aquela inclinação sobre o seu eixo, que se desenvolve, regularmente, a partir dos equinócios, é perfeitamente exagerada. Uma vezes sentimo-la mais do que outras.
Ontem, por exemplo - enquanto devorávamos um almoço tardio, feito de pão, queijo e paiola da serra - a penumbra caía já sobre o vale glaciar do Zêzere, bordejado pela alvura imensa da neve que caiu a bom cair nos últimos dias. Na encosta, o casario de Manteigas, lá para cima o frio intenso da Torre e o plano de tirar fotografias da torre de menagem do Castelo de Belmonte e iniciar as crianças à rota das judiarias da Serrada Estrela. Debalde.
Noite escura e fria às 17h00, potenciada pelo espectro claustrofóbico das encostas serranas. Entrada na fantástica A23 junto à vila de Belmonte com o recorte iluminado do castelo em fundo - a imagem possível de um encontro adiado. Guarda – Lisboa em menos que um suspiro e dois cigarrros e o prazer suplementar de viajar numa SCUT. Chegada a Lisboa a tempo de desfazer as malas e interagir com a família e também pensar propriamente em coisa nenhuma ou ler as edições da imprensa online.
A noite de inverno é absurdamente longa. O que vale é que pode ser sempre aproveitada.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

porque é quase Natal...(6)

Descobri os Slade no Youtube e com eles aterrei directamente na minha adolescência que não foi boa nem má, talvez tumultuosa como são quase todas as adolescências. Não sei o que será feito destes figurões mas espero que andem por aí, de saúde, a brincar com os netos num parque qualquer.



"So here it is merry Christmas
Everybody's having fun
Look to the future now
It's only just begun
"

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

de Espanha...boa música !



( gente - Presuntos Implicados )

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

infâncias ...(1)

adicción

Los pueblos indígenas desposeídos y alienados a menudo se entregan a las drogas, normalmente a las más baratas y más asequibles, como el alcohol y la gasolina. La salud de los individuos y sus familias se viene abajo. Los bebés nacen con síndrome alcohólico fetal, los niños reciben poca atención de sus padres adictos, los adolescentes siguen el ejemplo y los padres –antes respetados– son rechazados por las nuevas generaciones. Se establecen ciclos que no pueden romperse simplemente tratando a individuos o a sus síntomas. Toda la sociedad se derrumba.

Entre la juventud innu, la inhalación de gasolina constituye un problema grave. A largo plazo, esta adicción puede causar convulsiones y daño permanente a los riñones, ojos, hígado, médula ósea y corazón. En el año 2000, Charles Rich, de once años, murió al incendiarse por accidente mientras esnifaba gasolina. Un niño que presenció esta horrorosa muerte contó lo siguiente:

Me llamo Phillip. Soy esnifador [de gasolina]. Esnifo gasolina con mis amigos. En invierno, robamos motos de nieve y robamos gasolina... No voy a casa porque esnifo gasolina. Y esnifo gasolina porque mis dos padres beben y eso me saca de quicio... Hubo un momento en que Charles corrió hacia mí cuando estaba ardiendo, pero como yo estaba esnifando gasolina y mis vapores eran muy fuertes, salí corriendo. Tenía miedo de prenderme fuego yo también.”


retirado deste site a partir de um post de " Diário de un Adan "

sábado, 20 de dezembro de 2008

poesia (8)


As carruagens do comboio da poesia que eu gosto são incontáveis. O mérito, claro, é dos poetas , dos poetas escondidos que existem de entre aqueles com quem me cruzo diariamente e também, claro, dos poetas que têm prestígio e reconhecimento público.

Hoje transcrevo mais dois poemas, que habitam categorias diferentes, daquelas que dividem o meu comboio da poesia. O primeiro, foi escrito por uma jovem do 8º ano e que foi premiado no âmbito do " Prémio Literário José Gomes Ferreira" promovido, este ano, pela escola com o mesmo nome. É um poema belíssimo revelador de uma enorme maturidade. O segundo é da autoria de um amigo meu que se inspirou em memórias de infância para construir um texto poético de fundo ligeiramente machista como eu gosto, cheio de um improvável humor, repleto de verdade e ironia e , por tudo isto, muitíssimo bem conseguido.

Aqui vão:

ADEUS À PÁTRIA

Deixo a minha pátria,
minha gente.
Não vou contente...
Deixo família, levo saudade.
E de verdade...
não quero ir!
Faço-o pela minha pátria
e não por mim.
Não quero que seja assim!
Ir e talvez não voltar...
Difícil de imaginar.
Ir pela minha pátria,
e morrer por ela...
Não quero ser mártir...
Adeus meu povo, sou escravo da guerra.
Adeus meu povo,
sou escravo da guerra.
Adeus gente da minha terra,
de meu berço...
Adeus!

( Catarina Monteiro - 8º4 - Escola Secundária José Gomes Ferreira )

HISTORIETA VENEZIANA

Será que alguém sabia
Que o Signor Lucca de Rabia
e o Duque Theo de Manzanares
Se enfrentaram
E lutaram
Num duelo sangrento
Para pedir em casamento
A bela Laura di Stendici

Eram seis e dez em ponto
Quando as armas se voltaram em confronto
E dispararam quase simultaneamente
Lucca morreu com um tiro no peito
Theo ficou agónico, com a bala de Lucca no rim direito

Enquanto isso,
Aquecida pelo belo edredão,
Que ostentava o brasão
dos Manzanares,
Laura fornicava na sua cama
com o irmão de Lucca e primo de Theo,
Enrique de Chirimoya y Olivares

“Ouviste aquele barulho?” – perguntou
Ele inclinou-se, beijou-a e comentou:
“Devem ser Lucca e Theo a discutir quem matou mais narcejas”
“Excitas-me tanto, meu amor, quando gracejas!”
– riu-se a dama.


( Mário Cordeiro )

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

escola real (XVII)


Este é um flagrante do Corta-Mato de Natal na minha escola. Desporto é, também, prazer, usufruição e convívio. Antes da mais, um saudável encontro com o outro. Aqui e ali, estas máximas são de tal maneira interiorizadas que o esforço físico - sem o qual deixa de haver desporto, tal como é definido - é passado para segundo plano.
Mas enfim, se no fim de tudo ficarem o sorriso e a memória da comunhão, já não é mau.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

CAOS CALMO...


" A MULHER MORRE E ELE FICA SÓZINHO, COM A SUA FILHA DE 10 ANOS. E UMA MANHÃ, DEPOIS DE A LEVAR À ESCOLA, DECIDE NÃO IR PARA O ESCRITÓRIO E FICA ALI O DIA TODO, À ESPERA QUE ELA SAIA.
E DEPOIS, TODOS OS DIAS O MESMO.
TODOS OS DIAS VAI PÔ-LA À ESCOLA E FICA CÁ FORA, À ESPERA DELA..."


( sinopse do flime " Caos Calmo " )

Perante a tragédia da perda há duas atitudes possíveis: seguir em frente,como de costume, que é a atitude própria dos fortes e a única socialmente tolerada; e desistir, iludindo a realidade, projectando essa ilusão naquilo que resta ,numa atitude de quem comtempla e protege, sem falhas, concessões ou desistências.

A atitude de desistência activa é criticável mas é-me mais simpática - muito mais - do que a outra, aquela que radica no pragmatismo e no amor à vida.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

porque é quase Natal...(5)



( Hark the Herald Angels sing )


tomara que um Natal assim pudesse chegar ao mais empedernido dos ouvidos, ao mais fechado dos corações, à mais têvêi das culturas, aos mais sofredores de entre aqueles que sofrem...

domingo, 14 de dezembro de 2008

poesia ( 7 )

-
3ª-Amic Yo, no són ganes de molestar a ningú, no t'ho prenguis malament. Que tu m'entenguis o no és el meu problema pel que fa a la comunicació, i el teu pel que fa a la tolerància. Sigues tolerant i tots amics. -1.0 | 3 | Yo | 14-12-2008 11:47:19
2ª-Y con esa voluntad lingüística de que nos enteremos, creo que seguiran enganchados al futbol. 0.0 | 2 | diumenge, tot me ho menge. | 14-12-2008 11:05:32
1ª-Anirà molt be per a la prova del Campionat mundial d'esquí femení. Ah, que vostès no ho sabien que s'està celebrant a la Molina?. Deu ser que la redacció d'esports, com totes les d'aquest país, està obsessionada amb el futbol.

( reprodução de um diálogo entre espanhóis que eu li hoje na secção de comentários da edição online do Público espanhol )

Nem de propósito, porque a leitura destes diálogos,coincu«idiu, no tempo, com buscas que eu andava a fazer sobre poesia em catalão. Descobri a que se segue , que é uma tradução de um poema do açoriano Eduardo Bettencourt Pinto feita pelo poeta e escritor valenciano Pere Bessó.

Estive recentemente na Catalunha e esforcei-me por me aproximar da cultura catalã. Posso dizer que fiquei entusiasmado com a língua, naquilo que ela tem de mescla de contributos e também nas pontes que , lendo bem, estabelece com o português.

Aliás, sonho com uma Ibéria una, na sua riquíssima diversidade nacional, cultural e linguística. Por isso, nunca é demais construir pontes; um caminho posssível parao encontro de irmãos desavindos.

Que se leia, então, este curiosísssimo exemplo em que a poesia insular, longínqua é traduzida por um valenciano na língua dos catalães.

Podia tindre un país, d’aqueixos que s’apunten
al mapa amb fulgent dit de cristall.
O un ca, ho sabem, company fidelíssim
als melancòlics parcs d’Autumne, dissabtes a la vesprada,
quan la vida és un tedi inevitable
i una bona caminada fa esmorteir
dins de nosaltres la falta del mar, la ràbia als cobradors
d’impostos, a la farsa dels qui ens miren de biaix
perquè usem encara paraules com «amor» i «integritat.»
Els canins, és cert, tenen la puresa
del que és lleu i respirable, i una noblesa
tan humil que fins els déus,
en la seua ampolla de glòria passatgera,
hi veuen retratada la seua ulterioritat.
Sobretot els de hui, poc castos,
molt mediàtics en els seus ramats polítics
d’hòmens civilitzats fins a les ungles
dels peus.
Els assassins de la poesia
tenen camises guarnides de randa
i una estreta de mans perfumada.
Per això els països són irrellevants.
El meu, em digueren fa molts anys,
era una traïció a la Història.
Moria amb mi i amb els meus amics.
Avui no em fa falta.
La meua enyorança
s’envolta de mar.
És un paisatge enmig d’eucaliptus,
una estrella de rosada
als dits de la malenconia.
Què importa?
Tinc bons records.
La meua infantesa fou una casa
als braços de ma mare.

( original )

Um país? Que importa?

Podia ter um país, desses que se apontam
no mapa com fulgente dedo de cristal.
Ou um cão, sabemos, companheiro fidelíssimo
nos melancólicos parques do Outono, sábados à tarde,
quando a vida é um tédio inevitável
e uma boa caminhada faz amortecer
dentro de nós a falta do mar, a raiva aos cobradores
de impostos, ao cabotinismo dos que nos olham de soslaio
porque usamos ainda palavras como «amor» e «integridade.»
Os caninos, é certo, têm a pureza
do que é leve e respirável, e uma nobreza
tão humilde que até os deuses,
na sua redoma de glória passageira,
neles vêem retratada a sua ulterioridade.
Sobretudo os de hoje, pouco castos,
muito mediáticos nos seus fatos políticos
de homens civilizados até às unhas
dos pés.
Os assassinos da poesia
têm camisas rendadas
e um aperto de mão perfumado.
Por isso os países são irrelevantes.
O meu, disseram-me há muitos anos,
era uma traição à História.
Morria comigo e com os meus amigos.
Hoje não me faz falta.
A minha saudade
está rodeada de mar.
É uma paisagem entre eucaliptos,
uma estrela de orvalho
nos dedos da melancolia.
Que importa?
Tenho boas recordações.
A minha infância foi uma casa
nos braços de minha mãe.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Porque é quase Natal... ( 4 )



Charles Aznavour and Sissel - Un enfant de toi pour Noël

poesia ( 6 )


Se acaso sensível sou à poesia, se momentos tão bons dela já retirei, se atento estou à beleza formal do infinito jogo das palavras, à Escola Beiral ( agora chamam-lhe colégio )e a Afonso Lopes Vieira tudo isso devo. Aquela porque este poeta me deu a conhecer e a reconhecer , para sempre, de entre as mais belas e perenes memórias de infância.

Dele. Ilhas da Bruma - Saudades Trágico - Marítimas

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
Na praia, de bruços,
fico sonhando, fico-me escutando
o que em mim sonha e lembra e chora alguém;
e oiço nesta alma minha
um longínquo rumor de ladainha,
e soluços,
de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

São meus Avós rezando,
que andaram navegando e que se foram,
olhando todos os céus;
são eles que em mim choram
seu fundo e longo adeus,
e rezam na ânsia crua dos naufrágios;
choram de longe em mim, e eu oiço-os bem,
choram ao longe em mim sinas, presságios,
de além, de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Naufraguei cem vezes já...
Uma, foi na nau S. Bento,
e vi morrer, no trágico tormento,
Dona Leonor de Sá:
vi-a nua, na praia áspera e feia,
com os olhos implorando
- olhos de esposa e mãe -
e vi-a, seus cabelos desatando,
cavar a sua cova e enterrar-se na areia.
- E sozinho me fui pela praia além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Escuto em mim, - oiço a grita
da rude gente aflita:
- Senhor Deus, misericórdia!
- Virgem Mãe, misericórdia!
Doidos de fome e de terror varados,
gritamos nossos pecados,
e sai de cada boca rouca e louca
a confissão!
- Senhor Deus, misericórdia!
- Misericórdia, Virgem Mãe!
e o vento geme
no bulcão
sem astros;
anoitecemos sem leme,
amanhecemos sem mastros!
E o mar e o céu, sem fim, além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Ah! Deus por certo conhece
minha voz que se ergue, branca e sozinha,
- flor de angústia a subir aos céus varados
p'la dor da ladainha!
Transido, o clamor da prece
do mesmo sangue nos veio
Deus conhece os meus olhos alongados;
onde o mar e o céu deixaram
um pouco de vago anseio
nesse mistério longo do seu halo...
Rezam em mim os outros que rezaram,
e choraram também;
há um pranto português, e eu sei chorá-lo
com lágrimas de além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Ó meu amor, repara
nos meus olhos, na sua mágoa clara!
Ainda é de além
o meu olhar de amor
e o meu beijo também.
Se sou triste, é de outrora a minha pena,
de longe a minha dor
e a minha ansiedade.
Vês como te amo, vês?
Meu sangue é português,
minha pele é morena,
minha graça a Saudade,
meus olhos longos de escutar sem fim
o além, em mim...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar

Ilhas de Bruma

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

porque é quase Natal ...(3)


Faleceu, aos 85 anos, Bettie Page, ícone sexual dos anos 50. Ela foi uma pioneira e eu sempre gostei dos pioneiros, aqueles que ousam desbravar caminhos pelos quais os outros nunca se aventuraram.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

na morte de Ali Alatas


"A noticia chega-me a meio da noite, de Dili: morreu Ali Alatas.
Pensem o que pensem: procurou compensar o mal feito. Foi ele que fez a Indonésia e os indonésios "dar a volta" relativamente à "perda" de Timor.
Tinha um apurado sentido da História: admirava Portugal e a herança portuguesa no seu país.
A Indonésia presta tributo a um extraordinário diplomata. E eu também a um Amigo. "


Ana Gomes no blogue colectivo "Causa Nossa"

Como respeito muito a acção da Ana Gomes durante os tempos , duríssimos, que antecederam o nascimento da desgraçada nação Timorense,e até por isso, constato que a vida é uma constante REESCRITA de memórias e convicções, em que por sobre as piores dores e os piores ódios passam a escorrer tintas que os tornam um olvido para que assim seja possível construir um tempo novo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

desporto (VII)

Estou todo satisfeito porque completei mais uma meia-maratona correndo , que nem louco, rio acima, rio abaixo em busca de uma melhor marca pessoal que, diga-se de passagem, atingi ( posição 604 ). O tempo nem estava tanto de feição como o início de Dezembro poderia augurar: um vento teimozito a bater-nos no rosto e , aqui e ali, o sol a aquecer mais do que aquilo que seria expectável. Era , para meu desgosto, manhã cedo , aquela que sucedeu a um lanchinho de natal, por demais composto, onde se juntaram amigos, queijos e compotas e fritos natalícios escorridos pelo vinho e também por estórias, daquelas que se contam quando as línguas se soltam. É que eu sou sou da “ escola Marco Fortes” que é como quem diz “ …de manhã está-se bem é na caminha”.
Mas a manhã, a qual prefiro entre lençóis, resultou , não obstante as condicionantes relativamente bem. O menu era quase tão variado como o da tarde do dia anterior: maratona ( a 23ª Maratona de Lisboa ) mais meia – maratona mais “ prova aberta”, para agradar a toda a gente. E um pormenor raro em Portugal: o pelotão era uma Babel, abrangente, passe o pleonasmo. Ouvi todas as variantes possíveis do inglês, castelhano muito e idiomas incompreensíveis como aqueles falados a norte e a oriente. Lisboa abriu-se ao turismo desportivo . Foi uma abertura tímida, é certo, com um percurso monótono , muito pouco público e uma organização a vacilar.
É bom que os empreendedores – aqueles que ganham dinheiro com estes eventos – tenham captado a mensagem: Lisboa não é Nova Iorque mas há gente por esse mundo fora que põe a Maratona de Lisboa na sua agenda atlética. Como ficou bem provado neste domingo, dia 7 de Dezembro de 2008.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

poesia ( 5 )


Descobri a poetisa Cristina Peri Rossi nas viagens que faço pela blogosfera. Proponho-vos o seu blogue e deste, um poema:

CONDICION DE MUJER

Soy la advenediza
la que llegó al banquete
cuando los invitados comían
los postres

Se preguntaron
quién osaba interrumpirlos
de dónde era
cómo me atrevía a emplear su lengua

Si era hombre o mujer
qué atributos poseía
se preguntaron por mi estirpe

“Vengo de un pasado ignoto –dije-
de un futuro lejano todavía
Pero en mis profecías hay verdad
elocuencia en mis palabras
¿Iba a ser la elocuencia
atributo sólo de los hombres?”
Hablo la lengua de los conquistadores
es verdad
pero digo lo opuesto de lo que ellos dicen.

Soy la advenediza
la perturbadora
la desordenadora de los sexos
la transgresora

Hablo la lengua de los conquistadores
pero digo lo opuesto de lo que ellos dicen.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

...na morte de António Alçada Baptista



Ele próprio, Bethânia, O´Neill , Pessoa e a exaltação da lusofonia.

AINDA O CHERNE
23/03/2002 | Vasco Graça Moura

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De repente, Alexandre O"Neill foi recordado. Referências ao seu poema "Sigamos o cherne!" saltaram para tudo o que é comunicação social, mas provavelmente houve muita gente que não se preocupou com a sua releitura.

É pena. O cherne de O"Neill foi escrito, segundo a própria epígrafe do poema, "depois de ver o filme "O Mundo do Silêncio" de Jacques-Yves Cousteau", contextualização que aponta logo para uma dimensão ligada às profundezas que dá o sentido ao poema.

Trata-se de um poema de amor, de um convite à viagem íntima, como resulta logo dos dois primeiros versos: "Sigamos o cherne, minha Amiga! / Desçamos ao fundo do desejo".

O cherne é uma metáfora daquilo que há no mais fundo de nós ("Em cada um de nós circula o cherne, / Quase sempre mentido e olvidado"). Uma metáfora daquilo que em nós se arrisca a ser traído, recalcado e frustrado. E por isso devemos segui-lo, sob pena de o perdermos e de nos perdermos: "mentido o cherne a vida inteira / Não somos mais que solidão e mágoa".

A estupidez bronca das reacções que a citação feita por Margarida Sousa Uva suscitou, torna ainda mais actuais outros versos de O"Neill: "Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo, / golpe até ao osso, fome sem entretém, / rocim engraxado, / feira cabisbaixa, / meu remorso, / meu remorso de todos nós..."

sábado, 6 de dezembro de 2008

e agora para algo por demais sabido mas que não deixa de ser hilariante...



ou como "nuestros hermanos" são bons em quase tudo, menos a falar inglês...


...e como Herman e os seus "bonecos" são, já, um clássico , e , ainda por cima, de génio .

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

interpelações... (1)


Para acolher Cristo, que se apresta a “descer” ( o Advento), “é necessário despertar do torpor, do aborrecimento, do costume.”

leitura possível do evangelho do
I DOMINGO DO TEMPO COMUM
Mc 13,33-37

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

porque é quase Natal...(2)

NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra. Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

(David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988 )

publicado , há quase um ano, no extinto " O meu Cais "

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Espírito Santo


Repete-se o ciclo do calendário religioso à velocidade , extrema, desta nossa vida curtinha. Estamos no Advento mas hoje apetece-me fazer uma incursão pela festa do Pentecostes. Já o fiz aqui, outra vez: não são tanto as “ línguas de fogo” que me fascinam mas aquilo que elas derramam. Façamos dos dias todos, um Pentecostes e a coisa tornar-seá numa espécie de desafio.

Transcrevo de seguida um texto delicioso:

A melhor definição destes dons ( do Espírito Santo ) é aquela que vem directamente do povo que os sente. Para isso vale a pena, recorrer ao depoimento de um lavrador já octogenário da ilha Terceira, Açores, chamado Gregório Machado Barcelos, recolhido em 1996 por José Orlando Bretão. Nele encontra-se, vertida no sabor do vernáculo popular e da tradição oral[1], toda a súmula doutrinária e de bom comportamento social que tem por centro e por representação o Espírito Santo. Aquele idoso, quando lhe foi perguntado o que sabia acerca dos dons do Espírito Santo, utilizando a linguagem e os conceitos típicos do culto ao Divino nos Açores, respondeu[2]:

É bom que o senhor me pergunte, porque acho que na cidade falam, falam e acertam pouco. Sem ofensa, até acho que não sabem nada, de nada. Mas eu digo como é que meu pai dizia e o pai dele lembrava muitas vezes como era. Eu digo que os dons do Espírito Santo são sete e são sete porque é assim mesmo, é um número que vem dos antigos, como as sete partidas do Mundo ou os sete dias da semana e não vale a pena estar a aprofundar muito porque não se chega a lado nenhum e só complica. E o primeiro dom do Espírito Santo é a Sabedoria – é o dom da inteligência e da luz. Quem recebe este dom fica homem de sabença. Os apóstolos estavam muito atoleimados e cheios de cagança e veio o Divino que botou o lume nas cabeças deles e eles ficaram mais espertinhos. Depois vem o dom do Entendimento. Este está muito ligado ao outro, mas aqui, quer dizer mais a amizade, o entendimento, a paz entre os homens. Este é assim: o Senhor Espírito Santo não é de guerras e quem tiver pitafe dum vizinho deve de fazer logo as pazes que é para ser atendido. E o terceiro dom do Espírito Santo é o do Conselho – o Espírito Santo é que nos ilumina a indica o caminho. É a luz, o sopro ou seja, o espírito. É por isso que tem a forma de uma Pomba, porque tudo cria e é amor e carinho. O quarto dom é o da Fortaleza, que vem amparar a nossa natural fraqueza – com este dom a gente damos testemunho público, não temos medo. Quem tem o Senhor Espírito Santo consigo tem tudo e pode estar descansado. Depois vem o dom da Ciência, do trabalho e do estudo. O saber porque é que as coisas são assim e não assado. É não ser toleirão nem atorresmado como muitos que há para aí. O senhor sabe! O dom da Piedade e da humildade é o sexto dom. Quer dizer que o Senhor Espírito Santo não faz cerimónia nem tem caganças. Assim os irmãos devem ser simples e rectos. E depois, por derradeiro, vem o sétimo dom que é o Temor mas não é o temor de medo. É o temor de respeito – para cá e para lá. A gente respeita o Espírito Santo porque o Senhor Espírito Santo respeita a gente. Temor não é andar de joelhos esfolados ou pés descalços a fazer penitências tolas: é fazer mas é bodos discretos com respeito mas alegria que o Espírito Santo não tem toleimas nem maldades escondidas. É isto que são os sete dons do Espírito Santo e o senhor se perguntar por aí ninguém vai ao contrário, fique sabendo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

porque é quase Natal...(1)



ver esta e outras imagens aqui

How Lovely 'Tis to Take This Time

How lovely 'tis to take this time
To greet our dearest friends,
To wish them health and happiness
Before the old year ends.

Darkness comes late afternoon
And winter lies ahead,
But friendship is a glowing fire
When all seems cold and dead.

Just as in some vacant barn,
Unnoticed in the night,
The whole of human history turns,
So we, too, make things right.

We must keep alive the flame
Though darkness grip the Earth;
For in the love we find in friends
Is our chance for rebirth.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

desporto (VI)

Incidence of death during jogging in Rhode Island from 1975 through 1980
P. D. Thompson, E. J. Funk, R. A. Carleton and W. Q. Sturner


"In the six years from 1975 through 1980, a total of 12 men died during jogging in the state of Rhode Island. The cause of death in 11 was coronary heart disease (CHD). One man died of an acute gastrointestinal hemorrhage. The prevalence of jogging in the Rhode Island population was determined using a random-digit telephone survey. Among men aged 30 through 64 years, 7.4% +/- 2.6% (mean +/- SEE) reported jogging at least twice a week. The incidence of death during jogging for men of this age group was one death per year for every 7,620 joggers, or approximately one death per 396,000 man-hours of jogging. This rate is seven times the estimated death rate from CHD during more sedentary activities in Rhode Island and suggests that exercise contributes to sudden death in susceptible persons. The occurrence of only one death per 7,620 joggers per year demonstrates that the risk of exercise is small and suggests that the routine exercise testing of healthy subjects before exercise training in not justified. "

Quando não corro, passo a vida à procura de literatura que sustente a tese de que a actividade física regular, moderada a forte, faz melhor do que aquilo que o vulgo geralmente pensa. Este artigo sobre o tema,dos poucos com valor científico que podem ser encontrados na net, NÃO contradiz a minha convicção. De maneira nenhuma...