sábado, 22 de dezembro de 2007

O Natal na minha terra ... (VII)


KITSCH- O kitsch é um termo de origem alemã (verkitschen) que é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São freqüentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada. A definição foi retirada daqui, onde , aliás, podem saber um pouco mais sobre o conceito.


A definição peca, do meu ponto de vista, por uma abrangência excessiva e, sendo abrangente, torna-se objectiva e excessivamente violenta e injusta para todo e qualquer objecto , situação ou pessoa que , pelas sua características, classifiquemos de kitsch. Para mim, há kitsch e kitsch, ou, para me fazer entendido, há piroso e piroso. Há um kitsch ou um piroso em mim que emerge quando menos espero ou quando menos quero esperar ( e com a idade tendo a reagir,, ao kitsch ,como e quando bem me apetece, sem disso fazer motivo de grandes constrangimentos pessoais).


O folheto cor-de-rosa que ilustra a entrada foi feito pelo ZL, que é o Professor de Educação Moral e Religião Católica na minha escola. O ZL é um jovem inteligente, tem uma licenciatura em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa e é vítima , no local de trabalho, da indiferença, do paternalismo e mesmo do escárnio por parte dos restantes colegas. Esta, é , aliás, digamos, a sina ( que deriva de um anátema misterioso) reservada a todos os professores de EMRC que, por razões de destino, desembarcam, vindos do paraíso, na Escola Sec. D. João V.


O folheto destina-se aos alunos e todo ele é, aparentemente, de um kitsch sem mácula: uma côr criteriosamente escolhida de entre as mais kitsch; um grafismo do estilo "pior é impossível "de onde se destacam uns "barroquismos" pretenciosos; e palavras vulgares associadas numa sintaxe ainda mais vulgar.


Falei-lhe disso mesmo. Perguntei-lhe se sabia o que era kitsch ( disse-me que não ) e expus-lhe aquilo que acabei de escrever. Concordou, em parte. MAS ACABÁMOS, EU E O ZL, DE ACORDAR NO SEGUINTE:


As palavras do folheto são simples, vulgares, sim, como simples e grandiosa é a mensagem que elas encerram: naquelas tarefas ( no Verbo, que é acção) está consubstanciada a essência do bem agir; o princípio do amor ao próximo; as sementes da concórdia. Tudo aparentemente simples; tudo tão diariamente esquecido.

nota - Esta entrada foi comentada na hora pelo, para mim, desconhecido NETMITO. É um comentário siginificativo por duas razões: foi o primeiro internauta a comentar uma entrada minha , entre os milhares que desconheço, facto que , desde já, agradeço; e o seu blogue - pelo menos um deles - consubstancia , do ponto de vista estético, mas também no estilo de comunicação, aquilo que poderemos classificar de kitsch. O que não o impede, de, a cada entrada, ficar submergido em comentários. E ainda bem. Prometo lá voltar mais vezes e descobrir a beleza das propostas que não consigo subscrevo com toda a minha sinceridade.




4 comentários:

Divinius disse...

ESCUTA O SOM MAIS PURO DA TUA VOZ...


Boas festas:)

ana v. disse...

Mas a estética, Miguel!...
Confesso o meu pecado (ou a minha menoridade): por melhor e mais importante que seja a mensagem, a estética impede-me de apreciá-la devidamente. É como a arquitectura de Fátima (não falo da actual basílica, que achei fantástica), cujo gosto duvidoso, típico do Estado Novo, tira(va) toda a nobreza ao local. O que é que queres, sou só humana... e a superioridade é só para os eleitos.

BOM NATAL!

miguel disse...

Aceito que com uma estética destas não haja boa vontade que lhe resista. E o poema também foi criteriosamente escolhido: João Portugal, presumo que ex-membro da boys band " Excesso".Este é um exemplo acabado do extremo a que pode levar uam discussão sobre a valia (ou falta dela) dos produtos kitsch.
Ah Zé Luís, não há boa vontade que resista.

ana v. disse...

Nem tinha reparado no "poema".
Pois é, a boa vontade natalícia tem limites...