Aaron Spelling é o único produtor de filmes norte-americano de cujo nome me lembro. E foi há muito que o fixei: estive em Los Angeles em 1989 e tive, então, uma grande curiosidade de ver a sua luxuosa casa no bairro de Beverly Hills, quando do "menu" turístico constavam mansões de grandes nomes do cinema que não causaram em mim a mesma curiosidade. Mas - perguntar-se-ão - porque Aaron Spelling e não outro? Explico: há em muitas das suas produções uma espécie de denominador comum que tem a ver com o género "thriller" ou com temáticas de fundo sobrenatural. Quando se trata de Aaron Spelling, não são os actores nem o realizador que me chamam a atenção para o filme, mas o seu próprio nome. Há, para mim, uma "marca" Aaron Spelling.
Ora o enredo de um desses filmes não esqueci mais. Um grupo de homens e mulheres embarca num avião e aterra, passado algum tempo, numa ilha paradísiaca e desconhecida para todas eles. Logo à chegada são transportados a um hotel onde não falta nenhuma das mais exclusivas mordomias. Vão descobrindo que têm todo o tempo que pretendem para usufruir dessas mordomias. Vão descobrindo também que o mais pequeno capricho lhes é, de imediato, satisfeito. Os dias vão-se passando desta maneira. Mas algo não bate certo: ninguém se conhece, entre si. Não há nada que os ligue a não ser a coincidência de uma viagem em comum, para a qual não fizeram marcação. E para uma viagem, por paradísiaco que seja o destino, há sempre o momento de regresso. Preocupados, descobrem que esse regresso lhes está vedado: o aeroporto é inexistente e os empregados do hotel esfumaram-se. Descobrem que a única companhia que lhes resta são eles próprios.
Não há conflitos; e os caprichos continuam a ser , misteriosamente, satisfeitos. Mas existem as saudades dos que ficaram para trás; a simples vontade de ver diferente; a necessidade de regressar ao mundo difícil, o dos conflitos e da rotina do quotidiano. O regresso como simples lugar da liberdade. A vontade do regresso dá, então, lugar ao desespero - querem sair dali e não podem. Percebem então que estão definitivamente prisioneiros do luxo. O filme termina como que num impasse : a eternidade como um horroroso beco sem saída; a eternidade como um inferno sem chamas nem diabo.
É esta perspectiva diferente de inferno que os teólogos discutem actualmente. Li, algures, um artigo em que se aceita o inferno como, por exemplo, um lugar em branco, despido do mal e do bem e, por isso, sem possibilidade da descoberta. Um lugar onde se tomaria consciência que a descoberta está no outro, nos novos outros com que diariamente nos cruzamos e convivemos; o outro, enfim, como caminho para chegar a Deus. E aceita-se também, que, como Deus nos ama incondicionalmente, o inferno, em última análise, não existe. Esse local de solidão seria apenas um período passageiro, de tomada de consciência para os mais pecadores. No fim, todos seríamos salvos e partilharíamos da mesa do Pai.
Ora o enredo de um desses filmes não esqueci mais. Um grupo de homens e mulheres embarca num avião e aterra, passado algum tempo, numa ilha paradísiaca e desconhecida para todas eles. Logo à chegada são transportados a um hotel onde não falta nenhuma das mais exclusivas mordomias. Vão descobrindo que têm todo o tempo que pretendem para usufruir dessas mordomias. Vão descobrindo também que o mais pequeno capricho lhes é, de imediato, satisfeito. Os dias vão-se passando desta maneira. Mas algo não bate certo: ninguém se conhece, entre si. Não há nada que os ligue a não ser a coincidência de uma viagem em comum, para a qual não fizeram marcação. E para uma viagem, por paradísiaco que seja o destino, há sempre o momento de regresso. Preocupados, descobrem que esse regresso lhes está vedado: o aeroporto é inexistente e os empregados do hotel esfumaram-se. Descobrem que a única companhia que lhes resta são eles próprios.
Não há conflitos; e os caprichos continuam a ser , misteriosamente, satisfeitos. Mas existem as saudades dos que ficaram para trás; a simples vontade de ver diferente; a necessidade de regressar ao mundo difícil, o dos conflitos e da rotina do quotidiano. O regresso como simples lugar da liberdade. A vontade do regresso dá, então, lugar ao desespero - querem sair dali e não podem. Percebem então que estão definitivamente prisioneiros do luxo. O filme termina como que num impasse : a eternidade como um horroroso beco sem saída; a eternidade como um inferno sem chamas nem diabo.
É esta perspectiva diferente de inferno que os teólogos discutem actualmente. Li, algures, um artigo em que se aceita o inferno como, por exemplo, um lugar em branco, despido do mal e do bem e, por isso, sem possibilidade da descoberta. Um lugar onde se tomaria consciência que a descoberta está no outro, nos novos outros com que diariamente nos cruzamos e convivemos; o outro, enfim, como caminho para chegar a Deus. E aceita-se também, que, como Deus nos ama incondicionalmente, o inferno, em última análise, não existe. Esse local de solidão seria apenas um período passageiro, de tomada de consciência para os mais pecadores. No fim, todos seríamos salvos e partilharíamos da mesa do Pai.
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