Tenho os meus alunos em estágio. A escolha das instituições formadoras foi minha, baseada em critérios de proximidade geográfica, de natureza sociológica e, egoisticamente, numa certa concepção do desporto "bom" que eu gosto de transmitir aos jovens cujo percurso escolar se cruza com o meu percurso profissional. Uns deslocam-se diariamente para o Sporting Clube da Reboleira e Damaia , com alma embutida na personalidade do fantástico Sr. Marques, do qual falarei um dia. Outros estão na Associação Cultural Moinho da Juventude, com sede no Bairo da Cova da Moura que é, hoje por hoje, o "must" em bairros problemáticos, o tema de todos os "clichés" quando é para falar em pretos e delinquência. Mas como em tudo entre a ficção e a realidade vai muitas vezes um mundo. Digamos que, a exemplo das duas fotografias acima publicadas, há duas realidades, sempre dinâmicas, na Cova da Moura. Uma, a dos que se perdem; outra, a dos que se encontram e promovem encontros. O Moinho da Juventude é, desde há anos, um promotor de encontros, um farol, um guia, um depósito da esperança. Eu sou daquelas testemunhas que não especula porque anda lá onde as coisas acontecem e percebe que alguma coisa vai mudando, lentamente.
Concerto FCG
Há 2 dias
9 comentários:
Já jantei na Cova da Moura! O ano passado, a propósito da Bienal de Arquitectura! Foi a melhor cachupa que comi! Tive pena de não parar num dos cabeleireiros de rua para fazer umas trancinhas... Nesse dia tinha havido tiroteio, confesso que não estava com grande vontade de ir, até porque o meu ar de 'kosovar' não joga muito com aquele cenário de ruas labirínticas... Mas saí de lá viva e com uma certeza: boas e más pessoas há em todo o lado!
beijinhos
E sabes que há visitas guiadas ao Bairro? O cicerone é o Bino, um jovem que , um dia se "reencontrou" . Para um turismo COMPLETAMENTE DIFERENTE... acho que é de aproveitar.
Miguel, estás zangado comigo por causa da minha brincadeira com o teu aforismo? Não me digas... espero que não!
bjs
Ana: não estou nada zangado, nem contigo nem com ninguém. O Algeroz esteve um pouco entupido foi, por isso, para arranjos e eu também.( vamos lá a ver se não entope outra vez)E os blogues dos amigos não estão esquecidos.
bjs
Ainda bem, Miguel.
Fico contente.
Bjs
Que mesa a do jantar na Cova da Moura de que fala a Sofia... trinta e tal pessoas de quatro continentes, cachupa, cerveja, doces cabo-verdianos e tanto, tanto para aprender sobre não ir em lugares-comuns! Fiquei a aguar, semanas depois, a festa do Kola di San Djon, que é uma versão africana do nosso São João. Talvez este ano... abraço, Miguel, bem-regressado sejas!
Assim como o turismo às favelas do Rio, também este me faz alguma confusão... não?
Estou com a Madalena: fazer turismo num sítio destes, como se fossemos ao Jardim Zoológico? Nah, não gosto do espírito nem da ideia.
Fui algumas vezes á Cova da Moura, sozinha (!!) e, pelo menos uma vez, ao fim da tarde. Tinha um negócio de decoração nessa altura e um dos meus fornecedores de peças era lá. Nunca tive medo, mas eu era um bocado inconsciente. E talvez por isso mesmo, nunca me aconteceu nada de mal. Hoje já não sei se conseguiria fazer o mesmo, confesso.
Talvez tenham razão. Em todo o caso há um projecto - ambicioso - de requalificação em curso. O problema é convencer aquela gente de que é necessário fazer um " extreme make-over" ao bairro. O statu quo interessa a muitos, que avançam com os mais diversos argumentos para contestar os projecto e os planos de reconversação do espaço.
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