sábado, 19 de janeiro de 2008

a escola real (III)


alicerces (1)
Leio dois parágrafos muito interessantes na introdução ao livro de Ciências Naturais do 8º ano adoptado pela escola do meu filho:
" (...) a sedentarização implicou a divisão do trabalho e o aparecimento de castas sociais. Algumas tornaram-se dominantes, mais ricas e detentoras de bens para lá das suas necessidades. Este foi, provavelmente, o facto que mais contribuiu para a intensificação da exploração dos recursos naturais.

Depois, sobretudo a partir da revolução industrial, o progresso técnico e cintífico e os avanços da medicina conduziram a um crescimento ainda maior, quer da população humana, quer da tendência crescente para acumulação de bens, desquilibrada, ou seja, mal distribuída, se consideradas as necessidades. Neste contexto a sobreexploração dos recursos naturais tornou-se ainda mais marcante (...)".
Como os alunos nada ligam à introdução dos seus manuais escolares e os professores pouco fazem para os estimular ao facto de qualquer texto, para ser entendido, vir munido de um cenário introdutório, o que transcrevi não será mais que uma excrescência - como todas as excrescências - dispensável, no conjunto de conteúdos que o meu filho tem que dominar para transitar de ano.
É pena, porque há no texto uma substância de que são feitos os alicerces: ausentes da vista imediata; construídos a montante daquilo que é o aparente bem-estar; fundos, perenes e pensados para resistir.
Exigir tudo da escola ou pensar em mudá-la radicalmente, lançando o ónus da mudança sobre os seus actores sem ter em conta as condições de in-put dos aprendizados e dos projectos é "meter a cabeça de baixo da areia". Eu , como já dei para este filme, vou tentando não me enterrar.

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