A fotografia resulta da pretensão do fotógrafo de dotá-la de uma estética diferente, mais ou menos arrojada. Entre o pretendido e o produto final existe muitas vezes um abismo. Terá sido o caso, neste particular. Mas, vejamos: aparecem, sem dúvida, por ali, uns barcos moliceiros. Em primeiro plano,temos um barco moliceiro engalanado, todo festivo. Por detrás, outros dois, ou melhor, um e meio.Há também, claramente, um canal, de águas aparentemente escuras, ou quase azuis, onde estão espelhados os reflexos dos embarcações. À direita, um prédio cinzento, de janelas altas, de fino recorte. Como estamos na cidade, temos também sinais da modernidade a que nenhuma delas escapa. E podemos também imaginar uma criança por detrás da vedação; e então podemos imaginar a vista que ela tem sobre o canal - um mundo limitado; esta será a mensagem, involuntaria, que retiro, por fim, da fotografia.
Aveiro estava , neste dia, muito luminosa, por via dos caprichos de um dia suave de inverno. É uma cidade que acolhe o rio e o mar como nenhuma outra. A sua ria acolhe aves extraordinárias que convivem aparentemente bem com o emaranhado de vias rápidas que a cortam. Aveiro tem os ovos moles e também um centro histórico muito bem tratado onde dá gosto passear.E tem outras duas outras características que realço: em nenhum momento parece ser uma cidade de província; há, na atmosfera e nas pessoas, uma cultura e uma ciência que contrasta com a rusticidade que sobrevive noutras cidades portuguesas. Mas tem em relação a Lisboa uma diferença : a luz invernal de Aveiro é mais esmaecida, menos brilhante; ela transmite uma ideia, difusa, de alguma distância para quem conhece a luz de Lisboa. E falta-lhe também a interioridade, de que tanto gosto. E nem é uma questão de localização geográfica. Lisboa é uma cidade ribeirinha mas tem espaços e recantos onde é possível viver a interioridade , como se fora longe do rio e do mar.
Concerto FCG
Há 1 dia
3 comentários:
A ultima vez que estive em Aveiro não foi assim há tanto tempo como isso. Se não me falha a memória foi aí por volta de Junho de 2006.
E fiquei agradàvelmente surpreendido. Revivi a sua dimensão de cidade pequena de dimensão agradável. Além dos seus ex-libris que todos conhecemos, como muito bem dizes Miguel ..." Aveiro tem ... também um centro histórico muito bem tratado onde dá gosto passear.E tem outras duas outras características que realço: em nenhum momento parece ser uma cidade de província; há, na atmosfera e nas pessoas, uma cultura e uma ciência que contrasta com a rusticidade que sobrevive noutras cidades portuguesas."...
E tem gente jóvem, e moças bonitas, e universidade, e lojas, e vida académica, e tem uma noite alegre e movimentada nos passeios nos bares nos cafés nas discotecas.
Gostei e acho que estou afim de, em breve, lá ir outra vez.
pois, Manel! Esuqeci-me das moças e também das mulheres belas. Aveiro tem essa fama , sim.
E obrigado de dares sempre uma "forcinha" aqui nos comentários!
É verdade: Aveiro transformou-se numa cidade movimentada e cheia de vida, e muito pouco provinciana. Acho que isso se deve às universidades, que levaram gente nova e de todos os lados para lá, que arejaram os ares. Bonita? Isso sempre foi.
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