sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

"a escola real" (I)






Esta rúbrica " escola real " ( que eu pretendo ir actualizando, pelo menos enquanto me expuser no éter) é o ponto de vista, absolutamente íntimo, de quem vive a escola por dentro. Pretende-se que constitua um contraponto ao clima de fantasia que ocorre noutros locais onde a escola se desenha e se discute , locais esses que têm uma característica comum - são, sempre, exteriores à escola.
As fotos de hoje dizem-me muito: não pelo facto de serem da minha escola nem por serem das instalações desportivas da minha escola mas por terem sido pensadas e feitas pelos meus alunos do curso tecnológico de Desporto. O curso tecnológico de Desporto (CTD) é de carácter profissionalizante e tem equivalência ao 12º ano. Decorre em 3 anos e tem uma forte componente prática. Esta componente prática pouco tem a ver com a prática de desportos mas antes, por exemplo, com a organização de actividades ( animação, competição, etc.), estatística aplicada, registo e observação em contextos variados, saídas para o exterior para contactar o fenómeno desportivo nas suas várias vertentes, domínio das tecnologias de informação, video e fotografia e mais uma imensidade de competências que se pretende que os alunos adquiram. O último ano - aquele que agora ministro - é de consolidação e aplicação dessas competências, também em contexto real de trabalho ( estágio).
Os alunos que frequentam estes cursos têm geralmente um perfil idêntico entre eles: são jovens "difíceis", vítimas dos outros e, muitas vezes, deles próprios. Os meus alunos não fogem à regra, pelo contrário, confirma-na com todo o requinte e pormenor. Estou com eles há 3 anos e dou todas as disciplinas de carácter tecnológico que compõem o CTD e portanto tenho um capital de experiência acumulada que me dá legitimidade para o afirmar.
Neste dia - o dia em que as fotos foram feitas - ordenei-lhes que fossem fazer a reportagem fotográfica do equipamento e das instalações desportivas e informei-os que os melhores registos seriam afixados no site da escola. Pedi-lhes - utilizando um vocabulário adequado - que fossem criativos, que fugissem a uma estética vulgar feita de lugares - comuns e que se servissem do objecto a fotografar apenas como pretexto. Não esperei, naturalmente, grande coisa da tarefa que llhes impus mas o que saiu foi, na minha opinião, grande coisa, como se pode observar nos exemplos, até porque foram utilizados, também, telemóveis com câmera . E exulto com esta grande coisa porque "grandes coisas" é desiderato muito, muito dificil de atingir com estes jovens...garanto-vos. Fiquei mesmo satisfeito!

3 comentários:

Huckleberry Friend disse...

Miguel, a primeira foto lembrou-me logo uma tarde do meu fim-de-ano balealense, a estrear prenda natalícia. Muito divertido, muito romântico, apesar das mazelas. É para repetir!

Sobre a escola real, gosto de aprender com o que nos vais contando. Contra a ideia de que é tudo uma desgraça, contra os rótulos de gerações rasca e professores mandriões, eis um exemplo (não sei até que ponto atípico) do que faz a boa escola. Um abraço!

Mad disse...

Olá, Miguel. Venho comentar principalmente a frase "enquanto me expuser no éter". Enquanto??? Atão??? Começaste há tão pouco tempo e já dizes coisas destas?
Bjs.

PS - Ainda havemos de nos conhecer antes de eu me ir embora, não?...

miguel disse...

Olá, Mad.Ainda hoje estive com a tua irmã. Falou-me de ti e do Diogo. Pena não nos termos conhecido desta. Fica seguramente para a próxima!