segunda-feira, 24 de novembro de 2008

escola real (XVI)

O simples enunciado de que a escolaridade é obrigatória e para todos, por um número de anos que é cada vez mais longo, atribui à escola e aos professores uma missão que é uma missão de uma enorme dificuldade.

A frase foi proferida, hoje, no Porto por ocasião da entrega do Prémio Nacional do Professor.

Quem a proferiu, quem foi?

A auto-crítica mesmo que com a forma de reconhecimento daquilo que nunca se reconheceu cai sempre bem.

3 comentários:

Mário disse...

A dama está numa fase de auto-crítica e volta-atrás. Seria bom que o inefável líder de bigodes, Mário qualquer-coisa (a fazer o tirocínio para secretário-geral da Inter ou do PCP) também recuasse um bocadinho...

Hoje estive a ler umas coisas sobre o sistema finlandês de Educação, considerado fantástico, milagroso e um modelo a adaptar (e não a adoptar, entenda-se).
Mas, por acaso, uma das medidas mais eficazes foi não chumbar ninguém. Porque consideraram que, ao chumbar um aluno, havia um automático desinvestimento da escola e dos professores (e dos pais) nele, aumentando progressivamente a disparidade e o handicap.
Pelo contrário, mantê-lo na turma obrigava os professores e colegas a fazerem um esforço de ajuda e apoio individualizado a esse aluno.

Aqui no burgo, desde a ministra aos alunos, passando pelos profes e pais, duvido que esse espírito comunitário existisse. "Desde que o meu passe, os outros que se lixem" - depois, daqui a uns anos, os mesmos queixam-se que há muitos "sem abrigo", "desempregados", "drogados" e outros que tais...

Somos ainda subsaharianos, em muita coisa.

Virginia disse...

Mário:

Não é assim tão linear essa ajuda ao aluno repetente.
Muitas vezes os alunos repetem, não porque não saibam a matéria mas porque já há algum tempo que estão desligados da escola ou pelo menos dalgumas cadeiras que para eles se tornam mais complicadas.
Há, aliás, vários graus de alunos repetentes, os que por ignorância da matéria e falta de apoios não conseguem atingir os objectivos do anos, os que nunca conseguiram atingi-los mas foram passando até que encalham de vez e os que faltam as aulas sistematicamente e se desinteressam por tudo, não havendo hipótese de os passar nem de os motivar, alunos que adoram futebol ou música e que pensam que tudo o resto são lérias e que a escola é prisão.

Chumbei um ano nos tempos da outra senhora a Matemática e a Física no agora 8º ano. Foi a coisa melhor que me poderia ter acontecido. Indo parar a uma turma menos bétinha, da A passei para a B, crei um habitat mais natural para a minha timidez e receio dos professores. Fui a melhor aluna da turma nesse ano de repetência, sabia a matéria toda nas cadeiras a que não tinha chumbado e daí para a frente foi sempre QH até ao fim...encontrei a minha estrela e fui muito mais feliz do que naqueles quatro anos de verdadeiro pavor dos profs e colegas.
O mesmo se passará com alguns alunos hoje. Repetir dar-lhes-ia mais confiança para o futuro.

Outros não, são casos sociais, que exigem respostas conjuntas de pais e profs e até psicólogos. São vidas complicadas. Lembro-me duma mãe que apareceu no Carolina, entrou pelo clube de Línguas e perguntou-me se eu sabia da filha que já há 15 dias que tinha fugido de casa... ( este é apenas um caso...)

Virginia disse...

É curioso que trabalhei com escolas finlandesas no programa Erasmus e os professores que vieram cá eram péssimos a inglês, não falavam alemão nem francês. Todos os portugueses os batiam aos pontos em Linguas, eram mesmo superiores aos alemães e polacos, que so falavam alemão e russo.
A minha ideia da escola deles é que era muito liberal e os miudos muito atinadinhos, tudo organizado ( com cacifos para arrumar os skis !!!) e actividades extra escolares em que faziam trabalhos de carpintaria, manuais e artísticas muito giras. Não fiquei nada com a impresão de que fosse uma escola de grande nível intelectual, mas prática e adequada ao seu panorama socio cultural.