domingo, 16 de novembro de 2008

escola real ( XV)

Este é o decreto-regulamentar 2/2008 que trás os professores e respectiva tutela desavindos e , pior que isso, é a gota que está quase a transformar o espectro da desobediência civil em pura realidade.

Dos milhentos pormenores que compõem este ramalhete explosivo há um curioso: os professores têm a progressão na carreira congelada há pelos menos 3 anos. Da aplicação deste decreto regulamentar depende, entre outras coisas, o descongelamento das carreiras. Ora,nesta questão, ninguém fala de carreiras. O que parece é que, basicamente, está-se tudo a borrifar para as carreiras.(e, no entanto, a perda do poder de compra tem sido galopante para a classe dos professores - para eles a crise chegou, há muito...). A minha convicção é que os professores não estão preparados para a descriminação, seja ela positiva ou negativa. Acho que a natureza da actividade docente rejeita a competição inter-pares como o organismo humano rejeita um orgão que não é o seu. Os professores excelentes ( que os há) sabem que as razões para a não excelência são tantas e tão difusas na sua profissão que, instintivamente, engrossam, também eles, o número daqueles que não querem esta avaliação e prescindem da divulgação pública do seu próprio mérito . Os docentes sentem que têm mais em que pensar e mais do que fazer.

nota para reflexão - que outro grupo socio-profissional concluiria que o seu sucesso ( subida das classificações em exames nacionais) não é , afinal fruto das boas práticas de quem o compõem mas de estratégias habilidosas da tutela para mostrarao país o sucesso que ainda não existe?

2 comentários:

Anónimo disse...

Entendo também que a grande maioria dos professores não quer avaliação que, de algum modo lhes
poderá trazer complicações para progressão na carreira. Muito embora qualquer avaliação tenha uma grande dose de subjectividade ela tem que existir para os professores como já existe para uma grande maioria de profissões
É curioso que, quando convém se invoca o que se passa nalguns países de UE, mas até agora ainda não se ouviu uma voz invocando essa comparação. Há dias passou uma reporatagem na TV portuguesa acompanhada de um pequeno video passado numa escola em Inglaterra em se costatou que a avaliação varia de país para país, por vezes com critérios tão contestados em Portugal.
Como se trata de um problema de grandes dimensões seria bom que todos, sem excepçao metessem a mão na consciência porque os principais prejudicados da toda esta novela sãos os alunos.Quanto è pseudo manisfestação dos ditos, os pais em geral e especialmente os que os apoiaram que metam amão na consciência e não voltem a pactuar com as tristes figuras, de
pura má criação,que os seus filhos fizeram

Virginia disse...

Concordo consigo, Miguel, em que há de facto muitos professores que já estão mesmo a "borrifar-se" para a carreira e ambições mais elevadas. Julgo até que muitos optariam por outra ocupação , se não tivessem já gasto anos de vida e de dedicação ao ensino - acredito ainda na vocação de professor, por muito que nos chamem de assalariados ou funcionários do Estado.
Lido o decreto, fico banzada com o palavreado e gostava que ele fosse discutido linha a linha num Prós e Contra ou num debate - onde é que os há? - em que os professores e o Governo fossem ouvidos sem exageros, nem animosidade de parte a parte.
Tudo o que está em itálico nos faz realmente pensar que os professores portugueses ainda têm uma ética e amor à camisola.Seria muito simples dar positivas a todos os alunos e fazer testes de cruzinhas- maravilha! Mas não o professor português é masoquista e complica tudo, até complica este esquema de avaliação, que é tão simples, tão claro e fácil de aplicar :).