O Outono e o respectivo poema tardam ou fazem-se anunciar de maneira inacabada. Faltam-nos pretextos para evocar a nostalgia do lar de infância , dos quais, hoje, imaginamos longos serões passados à lareira e histórias contadas pelos avós. Não há motivos, ainda, para buscarmos o cheiro das castanhas assadas que percorre o ar da cidade. As folhas das árvores insistem em adiar o fim do seu ciclo de vida e o paradoxo do frio que não chega deixa-nos na expectativa do calor com que ele nos aquece.
Mas enquanto este Outono não chega e o poema dele se imagina , urge talvez procurar os Outonos de outrora como quem prepara o que aí vem. Porque "
o Outono é ( sempre)outra Primavera, cada folha uma flor" para parafrasear o escritor
Albert Camus .
2 comentários:
O Outuno é assim, um período de transição, como os que acontecem entre alegrias e tristezas, entre festejos e lutos.
Acabou o Verão, mas a chuva é apenas circunstancial. Ainda não chegou o Inverno, mas já sabe bem um gillet.
Não é por acaso que, no Outono, o número de depressões e de suicídios aumenta. A instabilidade e o "não ser peixe nem carne" é o que mais assusta a espécie humana, consciente da sua fragilidade e do mau lidar com o imprevisível.
Contudo, uma das poucas situações que tem uma taxa de letalidade de 100% é a vida!
Para mim o Outono é ao contrário dos outros: parece que arrebito. O meu ano é o mesmo ano das ecolas - por períodos. Passado um pequeno período de adaptação a novos alunos, novas realidades concentro-me naquilo que o Outono promete que é um retorno a todo aquilo que de bom se associa a esta estação que, bem resumido, é uma espécie de aconchego em que o frio e o vento parece que aquecem. Tenho do Outono uma ideia menos de transição do que absoluto.
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