sábado, 18 de outubro de 2008

EUA


Estive em Los Angeles no ano de 1989. De tenro não tinha apenas os modos, de imaculada não tinha apenas a pele. O meu “eu”, todo, era ainda uma cegueira serena que do mundo e dos outros tinha na conta de um porto seguro donde só poderiam vir o aconchego e toda a virtude e clareza que as águas transparentes transportam na sua quietude.
Mas desses tempos, cujo passar me foi fazendo ver o mundo com os olhos da astúcia , cristalizei algo em mim que exercito, ainda hoje, contra tudo e contra todos nesta minha pátria que é a Europa: gosto imenso dos americanos. Deles, não sei se prefiro a ausência da arrogância, o rigor no trabalho, ou o à-vontade no encontro com o outro. Admiro-os como fazedores talentosos de uma história breve e fecunda. Tomo como lição a capacidade que demonstram em chegar, antes dos outros, a sucessivos patamares nos quais a civilização assume caras novas, donde uma ideia de partilha e igualdade sai reforçada.
Eis o exemplo dos dias que correm: a América apresta-se para eleger o primeiro presidente negro quando no meu quadro de referências ecoa, como se fora ontem, a frase “ I have a dream” tão icónica como metafórica. A escolha foi, numa primeira fase, baseada no confronto improvável com uma mulher num tempo em que as mulheres ainda lutam, em quase todo o planeta, pelo direito de se aquecerem no mesmo sol que há bem pouco era um absurdo exclusivo dos homens. A escolha joga-se, agora, entre a juventude e a vaga esperança de um jovem como Obama e o heroicidade e o estoicismo de um ancião como Mccain. Mas a vaga esperança, virtude dos fortes apresta-se a vencer o preconceito que a mim próprio faz esquecer que Obama é rigorosamente negro, como é rigorosamente branco, porque é filho de um negro de carvão e de uma branca, alva como as pradarias vestidas de neve. E há ainda uma outra mulher : Sarah Palin. De uma sensualidade telúrica, imediata, as suas curvas e os seus olhos de mel ajudam ainda mais á baralhação de um jogo que, não obstante, consubstanciará, no seu resultado , a enésima lição de pioneirismo que os Americanos vão dar ao mundo.

5 comentários:

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=9YjKnXy5GcE

Mário disse...

Miguel
Só para estimular o debate: não será ao contrário? Ou antes, será "pioneirismo" eleger um homem preto? Ou será ainda sintoma de coisas que deveriam estar mais do que arrumadas? Eleger um homem. Ponto. McCain, Obama. Um homem. Eleger um vice-presidente. Ponto. Uma mulher. Um homem.
Se é preto, negro, niger ou black? Eu própri sou bastante mais escuro do que muitos dos meus pacientes oriundos de África!

miguel disse...

1º - diz a Paula que a entrada é poética. O que é certo é que falhei: não quis fazer poesia.

2º O verdadeiro debate que eu gostaria de ver lançado não é tanto em torno de Barack HUSSEIN Obama mas sobre Sarah Pallin. Por exemplo, se se lançasse um inquérito com a questão : " Gostaria de ter uma aventura com Sarah Palin? ", ficaria muito curioso de ver até que ponto a minha convicção se confirmaria.

:-)

Anónimo disse...

2º YES

Manuel Teixeira

Mário disse...

2º NO. Deve ser uma mulher chatérrima, do género de estar sempre a querer ser mãezinha dos outros.
Depois, têm a mania de descarregar caçadeiras sobre ursos, e de noite todos os ursos são pardos.
O catolicismo dela não aprece prefigurar uma "fêmea" na cama, mas sim uma que se benze três vezes antes de, mais três durante e quatro e um acto de contricção no final.
Finalmente, não faz "o meu género" - insípida, inodora e incolor.

Quanto ao Obama, sou fã incondicional. Aliás, do vice dele também. E o McCain não me irrita nada, e até tenho admiração (e não apenas pelo percurso no Vietname), embora deseje a derrota dele.