quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

a escola real (VI)


Numa escala qualitativa de valores temos, por exemplo, insuficiente; suficiente; bom; muito bom; excelente. Excelente é um qualificativo que remete para o nome abstracto, excelência. A excelência deve ser o paradigma, o modelo e o motor de uma sociedade: implica conhecimento, trabalho, organização, empenho, produtividade. Fossemos um país de práticas excelentes e seríamos um país excelente.
Vejamos: o menino que está na foto frequenta um jardim de infância, é de origem africana, vive num bairro problemático, tem os olhos brilhantes , talvez de uma certa felicidade, mas seguramente devido à constipação que o afecta. A espira que lhe adorna a carapinha quase ausente não é, por uma vez, expressão do mau gosto de quem o cria mas uma brincadeira da profissional que tem na criança a matéria em bruto com que trabalha.
Mas a foto é apenas um pretexto, involuntario para a autora, mas que não me passou despercebido.

Descentremos a atenção da criança e centremo-la na prateleira repleta de dossiers. Esses dossiers são portfólios ( um por cada das 25 crianças da sala) que são actualizados diariamente. Cada criança é responsável pela actualização do seu portfólio. Aí se arquivam fotos, desenhos, trabalhos, memórias de passeios e testemunhos pessoais. Desta maneira se estruturam comportamentos e se cria uma verdadeira cultura de escola , baseada na exigência e no trabalho. Desta maneira se se semeia o sucesso. É um exemplo das chamadas BOAS PRÁTICAS. As boas práticas não nascem do nada: implicam estudo, planeamento, formação contínua , criatividade e muito trabalho para além daquele que é feito no contacto directo com as crianças.

É ancorada em boas práticas que esta profissional trabalha. É por isso que é excelente naquilo que faz. E é na multiplicação da excelência, como regra, que os fundamentos duma sociedade nova são construídos. Pena é que a excelência ainda não seja a regra.

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