domingo, 14 de dezembro de 2008

poesia ( 7 )

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3ª-Amic Yo, no són ganes de molestar a ningú, no t'ho prenguis malament. Que tu m'entenguis o no és el meu problema pel que fa a la comunicació, i el teu pel que fa a la tolerància. Sigues tolerant i tots amics. -1.0 | 3 | Yo | 14-12-2008 11:47:19
2ª-Y con esa voluntad lingüística de que nos enteremos, creo que seguiran enganchados al futbol. 0.0 | 2 | diumenge, tot me ho menge. | 14-12-2008 11:05:32
1ª-Anirà molt be per a la prova del Campionat mundial d'esquí femení. Ah, que vostès no ho sabien que s'està celebrant a la Molina?. Deu ser que la redacció d'esports, com totes les d'aquest país, està obsessionada amb el futbol.

( reprodução de um diálogo entre espanhóis que eu li hoje na secção de comentários da edição online do Público espanhol )

Nem de propósito, porque a leitura destes diálogos,coincu«idiu, no tempo, com buscas que eu andava a fazer sobre poesia em catalão. Descobri a que se segue , que é uma tradução de um poema do açoriano Eduardo Bettencourt Pinto feita pelo poeta e escritor valenciano Pere Bessó.

Estive recentemente na Catalunha e esforcei-me por me aproximar da cultura catalã. Posso dizer que fiquei entusiasmado com a língua, naquilo que ela tem de mescla de contributos e também nas pontes que , lendo bem, estabelece com o português.

Aliás, sonho com uma Ibéria una, na sua riquíssima diversidade nacional, cultural e linguística. Por isso, nunca é demais construir pontes; um caminho posssível parao encontro de irmãos desavindos.

Que se leia, então, este curiosísssimo exemplo em que a poesia insular, longínqua é traduzida por um valenciano na língua dos catalães.

Podia tindre un país, d’aqueixos que s’apunten
al mapa amb fulgent dit de cristall.
O un ca, ho sabem, company fidelíssim
als melancòlics parcs d’Autumne, dissabtes a la vesprada,
quan la vida és un tedi inevitable
i una bona caminada fa esmorteir
dins de nosaltres la falta del mar, la ràbia als cobradors
d’impostos, a la farsa dels qui ens miren de biaix
perquè usem encara paraules com «amor» i «integritat.»
Els canins, és cert, tenen la puresa
del que és lleu i respirable, i una noblesa
tan humil que fins els déus,
en la seua ampolla de glòria passatgera,
hi veuen retratada la seua ulterioritat.
Sobretot els de hui, poc castos,
molt mediàtics en els seus ramats polítics
d’hòmens civilitzats fins a les ungles
dels peus.
Els assassins de la poesia
tenen camises guarnides de randa
i una estreta de mans perfumada.
Per això els països són irrellevants.
El meu, em digueren fa molts anys,
era una traïció a la Història.
Moria amb mi i amb els meus amics.
Avui no em fa falta.
La meua enyorança
s’envolta de mar.
És un paisatge enmig d’eucaliptus,
una estrella de rosada
als dits de la malenconia.
Què importa?
Tinc bons records.
La meua infantesa fou una casa
als braços de ma mare.

( original )

Um país? Que importa?

Podia ter um país, desses que se apontam
no mapa com fulgente dedo de cristal.
Ou um cão, sabemos, companheiro fidelíssimo
nos melancólicos parques do Outono, sábados à tarde,
quando a vida é um tédio inevitável
e uma boa caminhada faz amortecer
dentro de nós a falta do mar, a raiva aos cobradores
de impostos, ao cabotinismo dos que nos olham de soslaio
porque usamos ainda palavras como «amor» e «integridade.»
Os caninos, é certo, têm a pureza
do que é leve e respirável, e uma nobreza
tão humilde que até os deuses,
na sua redoma de glória passageira,
neles vêem retratada a sua ulterioridade.
Sobretudo os de hoje, pouco castos,
muito mediáticos nos seus fatos políticos
de homens civilizados até às unhas
dos pés.
Os assassinos da poesia
têm camisas rendadas
e um aperto de mão perfumado.
Por isso os países são irrelevantes.
O meu, disseram-me há muitos anos,
era uma traição à História.
Morria comigo e com os meus amigos.
Hoje não me faz falta.
A minha saudade
está rodeada de mar.
É uma paisagem entre eucaliptos,
uma estrela de orvalho
nos dedos da melancolia.
Que importa?
Tenho boas recordações.
A minha infância foi uma casa
nos braços de minha mãe.

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