quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009


Corri, ontem - último dia do ano - mais uma São Silvestre da Amadora, 10 000 metros percorridos num percurso feioso e exigente, balizado por muita gente que, como de costume, veio para a rua animar os atletas. Um enorme festejo.
Corri mais lento que anteriores são Silvestres mas mais rápido que outras. Desta vez faltaram-me menos os pulmões que as pernas. E a auto-superação faz-se de ambos, não admite falhas de um deles.
Recebi também uma mensagem de ano novo vinda de um amigo jornalista e dirigida a todos os que integram essa já velhinha família que é o Clube do Stress ( o clube de atletismo cujas cores represento), que é , antes de tudo, um local de solidariedade e convívio.

Transcrevo-a de seguida , como se fosse dirigida aos leitores deste meu espaço:

Fartos de palavras e vãs promessas em 2008 e não nos restando senão acolher a esperança sob a forma de palavras para 2009 espero que aceitam a sugestão de reflectir um pouco com Eugénio de Andrade.
Votos de BOM ANO do Jacinto


AS PALAVRAS


São como um cristal,
as palavras.

Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.

Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio Andrade
1923 - 2005
In Antologia Breve, 1972,
5ª Edição, Limiar, 1985

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