Os sonhos são para mim um mistério absolutamente fascinante. Falo, claro, dos sonhos que temos a dormir, não daqueles, globalmente patetas, que a maioria das pessoas têm, acordadas, como por exemplo, conseguir a adivinhação dos números do euromilhões ou que poucas têm, como verem-se, um dia, a festejar a proibição da circulação automóvel na praia do Baleal, perto de Peniche.
Sonho muito pouco. E , do ponto de vista qualitativo, os meus sonhos deixam a desejar: contam-se, pelos dedos, os sonhos eróticos que tive , nos últimos anos. Mas sonho de vez em quando; como hoje. Foi um sonho que tem a ver com o tempo que vivemos. ( é engraçado como nos sonhos, sendo eles tão inexplicáveis, a respectiva narrativa, espaço e personagens contêm em si, geralmente factos e fenómenos plenos de contemporaneidade). Associei, desta vez, desporto - espectáculo, na sua componente de execução técnica com uma trama, que, parece-me, se desenvolveu numa fracção de segundo. Descobri isto depois de acordar, ou , talvez, concomitantemente com a consequência do sonho, não sei bem.
Explico: Dei, hoje, por mim ( já acordado?, ainda a sonhar?) descrevendo uma trajectória elíptica pelo espaço aéreo que envolve a minha cama e o chão, ao mesmo tempo que levava à prática um daqueles pontapés acrobáticos ( veja-se a imagem) em que um jogador pontapeia a bola, lateralmente, com as duas pernas no ar e acerta com ela dentro da baliza, com estrondo e arte. A arte não sei se aconteceu. O estrondo sim, porque foi testemunhado pela minha mulher: bati , ruidosamente com o joelho no chão ( e também com o corpo todo) e senti logo, bem acordado, uma violenta dor que ainda agora me faz hesitar entre ir ou não ir ao centro de saúde para que os profissionais digam de sua justiça.
Sou mais adepto do desporto-prática do que desporto-espectáculo. Muito mais. Mas parece-me que aquele Portugal – Alemanha de um dia de Junho em Basileia se constituiu como um selo no meu inconsciente ou no meu sub-consciente. O que, se assim fôr, atesta bem a força, enorme, que o fenómeno desportivo tem e toda a magia inerente ao quadro, aparentemente vulgar, em que vinte e dois jovens correm, desenfreadamente, atrás duma bola em busca de a colocar dentro de uma baliza.
Sem comentários:
Enviar um comentário