quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
aforismos de algeroz (II)
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
escola real (IV)
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
aforismos de algeroz (I)
sábado, 19 de janeiro de 2008
a escola real (III)
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
cantinho do piroso que nunca deixei de ser...(X)
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
... não há outro que conhece tudo o que acontece em mim
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Ao contrário da maioria das pessoas, não me interessa saber se Deus existe, mas interessa-me , sim, o que é Deus , do ponto de vista da teologia. Eu sei que é quase impossível deixar de O ver como um Homem relativamente velho e barbudo - mas saudável e clarividente - quase só constituído por cabeça e tronco e que nos olha, ora ternamente, ora com censura, algures na esfera celeste, um pouco acima do azul atmosférico e não demasiado longe da terra como se esta fosse o centro do universo.
Estes detalhes anatómicos remetem, no entanto, para a mais redutora e infantilizada perspectiva do transcendente que imaginamos, longe de uma outra ideia de Deus que consiste numa imagem inacabada porque implica uma procura constante e uma descoberta gradual, apontadas ambas para os outros e para as coisas. Uma vez entendida a Sua essência, abre-se um novo caminho balizado pelo amor, pela alegria e pela liberdade interior. E, convenhamos, esta perspectiva de Deus - de projecto, de descoberta - pode tornar-se realista , reconfortante, e, antes de mais, pode-se constituir como projecto abrangente de uma vida, acredite-se ou não na Sua existência.
Sinto,então, por vezes , também, a necessidade de Deus como um juíz. Preocupa-me esta deriva em que costumamos caminhar - este farol ausente - que nos leva a interpretar o outro, geralmente pela negativa, criando cifras constantes para aquilo que é o indecifrável - os estados de alma; as razões do coração; a medida do olhar. Porque neste particular dos juízos de valor e quando me colocam ou coloco os outros em patamares da santidade ou no calor infernal da casa de lúcifer, tenho de perceber que a resposta certeira é uma impossibilidade ou como diz o povo na sua imensa sabedoria ... " só Deus sabe".
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
a escola real...(II)
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
poeminhas que vou descobrindo...
Lupicínio Rodrigues
domingo, 13 de janeiro de 2008
Ángel González ( 1925 -2008)
Detrás de los cristales nadie supo
lo que dijo. Era triste
mirar a aquella gente
intentando aclarar una sonrisa.
Y sin embargo estaba todo claro:
la niña
había sonreído simplemente
Tu pensamiento me hace inteligente,/ y en tu sencilla ternura, yo soy también sencillo y bondadoso.
Pero si tú me olvidas/ quedaré muerto sin que nadie lo sepa. /Verán viva mi carne, pero será otro hombre/-oscuro, torpe, malo- el que la habita…
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
"a escola real" (I)
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
sé que me quieres !
nota - queridos Presuntos Implicados: Será que me apaixonei por vós? Sei que não podem dar-me respostas, mas retornar à vossa música e aos vossos poeminhas tão ligeiros e agradáveis, assim, em duas entradas seguidas, é prenúncio duma paixão- essa obsessão do diabo; essa euforia falaciosa; esse ignorar temporário deste mundo real , tão rico e tão farto de outras coisas tão boas . Não sei... A terceira, diz-se, que é
de vez. Vamos a ver se me controlo!
E sei que me queres, sim. Mas não me rio, num riso tão ligeiro como o riso da letra. A maior parte das vezes nem sorrio. Fico aliás confuso, não o entendo ; não o entendo quando o devo entender - aquele momento que é mensagem tua de que me queres. É que mo dás a entender às vezes com uma insolência; um descaro; uma silêncio;uma indiferença (um olhar com que dizes e eu não percebo)...Não sei mesmo, às vezes. É tarefa minha, sim, responder, rápido, ao desafio que me fazes nesses códigos tão estranhos de me dizeres que me queres , que precisas de mim nessa tua tarefa de crescer, seguro e livre. (Tu, sim, e os outros dois ). Tarefa de Pai, tarefa de Mãe. Tarefa entre outras de interpretar o amor que não se explica...
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terça-feira, 8 de janeiro de 2008
GENTE
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Gente que se despierta cuando aún es de noche/ y cocina cuando cae el sol/ gente que acompaña gente en hospitales, parques/ gente que despide, o que recibe a gente en los andenes/ gente que va de frente/que no esquiva tu mirada/ y que percibe en el viento cómo será el verano/cómo será el invierno ...
GENTE...a minha explicação
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Luiz Pacheco (1925-2007)
“Comunidade”, Contraponto, 1964 -transcrito daqui
domingo, 6 de janeiro de 2008
solenes embirrações... (III)
sábado, 5 de janeiro de 2008
cantinho do piroso que nunca deixei de ser ...(VIII)
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BALZAQUIANA -A expressão foi cunhada após a publicação de um livro do francês Honoré de Balzac. Em As Mulheres de 30 Anos, o escritor realiza uma análise do destino das jovens na primeira metade do século XIX, em particular dentro do casamento. E faz uma apologia às mulheres de mais idade, que, amadurecidas, podem viver o amor com maior plenitude. É o que acontece à heroína da narrativa, Júlia. Ela se casa com um oficial do exército, mas depois descobre que a relação está longe de ser o que imaginava. Vê-se, então, presa a um matrimônio infeliz. Quando se torna uma trintona, porém, a moça consegue encontrar o amor nos braços de Carlos Vandenesse. (Retirado daqui )
Há tempos, num jantar com amigos, alguém referiu as "...balzaquianas". A referência integrou um contexto particular que agora não vem ao caso. Fiquei estrategicamente calado e fui deixando que os outros falassem mas também não deixei transparecer a dúvida que há muito transporto comigo.
" Pourra, afinal o que é uma balzaquiana ?". Pensava eu, por formação académica ( fui educado, pelos meus professores, na negação , feroz, do dualismo corpo-espírito) que balzaquiana era a eterna sonhadora, a que se apaixonava pela imagem do homem que nunca possuíria, que idealizava um amor perfeito a aparecer num amanhã perpétuo.
A definição que reproduzo não anda, talvez, muito longe daquilo que eu pensava. Mas tem o mérito de repôr a verdade histórica, objectivando aquilo que parece ser um conceito vago no tempo e nas motivações. Há , no entanto umas diferenças.
A verdadeira balzaquiana sonha com o amor perfeito mas tem todas as condições para o encontrar, mesmo sem ter os olhos fechados e mesmo sem navegar num conto de fadas. A idade pouco importa - hoje, por via do fantástico aumento da esperança de vida, estou convicto que a potencial balzaquiana há muito passou os trinta...os quarenta...os cinquenta... ( as ilusões vão-se cada mais mais tarde e que bom assim ser!). A balzaquiana não rejeita o sexo, pelo contrário, pratica-o com furor mas na condição do primado do afecto; de ele se sobrepôr ao instinto (deseja a virilidade e a santidade nas doses certas). A balzaquiana quer o mimo e quer também o olhar marejado de gratidão e ternura. A balzaquiana exige o poema e a flor ao fim do dia. A balzaquiana espera, mais que tudo, a carícia como promessa renovada.
Por isso cultiva a dúvida; a crítica; a exigência; a queixa; o amuo; a chamada de atenção; a lágrima sempre pronta a escorrer - como método. Por isso conjuga os verbos no condicional e no conjuntivo. Por isso espera e desespera...e assim vai pulando de relação em relação, na busca louca de respostas.
Dedico esta canção dos ibero - americanos Sin Bandera à balzaquiana ( e ao balzaquiano) que há em vós. E espero, também, da vossa parte, uma resposta criativa à pergunta deles ..." sera qué el tiempo fue minguando nuestras ganas???"
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
aveiro...finais de 2007
A fotografia resulta da pretensão do fotógrafo de dotá-la de uma estética diferente, mais ou menos arrojada. Entre o pretendido e o produto final existe muitas vezes um abismo. Terá sido o caso, neste particular. Mas, vejamos: aparecem, sem dúvida, por ali, uns barcos moliceiros. Em primeiro plano,temos um barco moliceiro engalanado, todo festivo. Por detrás, outros dois, ou melhor, um e meio.Há também, claramente, um canal, de águas aparentemente escuras, ou quase azuis, onde estão espelhados os reflexos dos embarcações. À direita, um prédio cinzento, de janelas altas, de fino recorte. Como estamos na cidade, temos também sinais da modernidade a que nenhuma delas escapa. E podemos também imaginar uma criança por detrás da vedação; e então podemos imaginar a vista que ela tem sobre o canal - um mundo limitado; esta será a mensagem, involuntaria, que retiro, por fim, da fotografia.
Aveiro estava , neste dia, muito luminosa, por via dos caprichos de um dia suave de inverno. É uma cidade que acolhe o rio e o mar como nenhuma outra. A sua ria acolhe aves extraordinárias que convivem aparentemente bem com o emaranhado de vias rápidas que a cortam. Aveiro tem os ovos moles e também um centro histórico muito bem tratado onde dá gosto passear.E tem outras duas outras características que realço: em nenhum momento parece ser uma cidade de província; há, na atmosfera e nas pessoas, uma cultura e uma ciência que contrasta com a rusticidade que sobrevive noutras cidades portuguesas. Mas tem em relação a Lisboa uma diferença : a luz invernal de Aveiro é mais esmaecida, menos brilhante; ela transmite uma ideia, difusa, de alguma distância para quem conhece a luz de Lisboa. E falta-lhe também a interioridade, de que tanto gosto. E nem é uma questão de localização geográfica. Lisboa é uma cidade ribeirinha mas tem espaços e recantos onde é possível viver a interioridade , como se fora longe do rio e do mar.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
"cuecas-forte"
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
cantinho do baleal (1)
foto diferente, de um baleal diferente, retirada daqui, através do talento de uma tal Teresa.
Jantavam em casa . Com os meninos postos na cama , e o jantar terminado , o que fazer ? Sem electricidade e sem televisão , restava o rádio a pilhas e o petromax . O tempo passava-se na conversa em nossa casa , no número 34 , ali para os lados da rua principal , entre a casa dos Mendonças e dos Bonnefonts . Aí se combinava ou “ congeminava “o que fazer até às uma ou duas da madrugada . Eram os anos cinquenta do século passado, e os protagonistas os nossos pais .
Se queriam dançar , ou iam para o Casino das Caldas ou era no café do Acácio e a música debitada saía duma concertina ou da sanfona do Virgílio . A esplanada do Acácio era protegida de vários lados com serapilheira , por causa do frio ....bem sabem como é . Quando não iam dançar , os pais jogavam cartas – começaram pelo Whist – e as mamãs cortavam na casaca .Quando não havia uma coisa nem outra , começavam a conjecturar qual a casa que iria fornecer sem saber a ceia que se seguiria . E o caldo entornava-se . Era a fase dos “ assaltos “ , no bom sentido do termo , se é que isso pode existir .Numa próxima oportunidade falarei sobre este aspecto da nossa vida , mais obscura e “ out law “ . Não se assustem , vocês , os mais novos .
Esta fase dos nossos pais , durou até aos anos 66 ou 67 . Depois começámos nós , a geração que se segue , a ocupar o espaço da nossa casa , mais precisamente na sala , para conviver e dançar . Obviamente já com electricidade e com um gravador “ Grundig “ de fita magnética que era o nosso disk-jockey automático . Durante o ano , gravávamos – eu e o meu irmão – música , em cinco ou seis bobines , para o mês de Agosto . Durante trinta dias , ouvíamos e dançávamos sempre a mesma coisa : Beatles , Aznavour , Stones , Richard Antony , Sinatra , Silvie Vartan .... muito slow , era o que a malta queria !
O espaço , se virem agora ( é a casa dos “Sabonetes” ) dá para perceber que não tinha mais de 18 m2 , e cabíamos lá dentro todos e mais alguns . No quarto contíguo à sala , e que dava acesso aos restantes quartos da nossa mansão , dormiam as nossas duas empregadas ( vulgo creadas ), que nem umas anjinhas ...não davam por nada e ainda por cima ressonavam . Elas trabalhavam de facto bastante durante o dia , por conseguinte mereciam o descanso , e isso estava garantido , apesar da barulheira infernal que se fazia sentir .
A propósito da família Parreira , a quem envio as minhas saudações , normalmente conhecida por família “ sabonete “ , não resisto a contar uma pequena história . Não vem no seguimento desta crónica , mas aguentem lá .
Os “ sabonetes “ aterraram no Baleal , creio eu por volta de 1976 ou 1977 , e foram habitar a nossa antiga casa na ilha . Ao fim de uma semana , os meus pais convidaram os pais sabonetes e as três filhas mais velhas para irem jantar a nossa casa . Apesar de ser no Baleal , havia um mínimo de cerimónia . Ninguém de nós conhecia os senhores . Os meus pais muito menos . Aceite o convite e combinada a hora , lá apareceram os Parreiras . Olá tá bom , viva Milocas , como é que tem passado o Sr. Parreira ?.... acabadas as cerimoniosas saudações iniciais , entraram para a sala e verificaram que havia duas mesas para jantar . A principal onde ficaram os meus pais , filhos , genros e um ou dois amigos . Éramos talvez uns dez ou onze . Outra mesa com cinco lugares , num canto da sala , onde se sentaram os Parreiras ! Uma vergonha .... e o jantar foi servido pelo nosso pessoal devidamente fardado , sem nós ligarmos nenhuma à mesa do fundo . A minha mãe esteve aflitíssima o tempo todo , mas não deu parte fraca . Nós perdidos de riso , e a conversarmos , como se não estivesse mais ninguém na sala . Eles , o inimigo , idem . Não nos passaram cartão nenhum . Entraram bem no jogo .